Por Edmilson Lopes
(Sociólogo e Professor Dep. Ciências Sociais – UFRN)
Publicado no blog do Edmilson Lopes
Em questões de segurança pública, a histeria e o populismo produzem sempre os piores cenários. A canhestra proposta de tratar as ações de manifestantes que aderem à tática Black Bloc como terrorismo, em apressada tramitação no Senado, deve ser rechaçada veementemente. Não apenas porque traz embutida uma nada implícita criminalização dos movimentos sociais, mas porque é expressão de uma péssima prática parlamentar: produzir legislações no calor dos acontecimentos para alavancar a popularidade dos seus autores.
Ao contrário do que dizem os arautos do “Complexo de Vira-lata”, o nosso congresso não vota com atraso. Questões substantivas, em todas as democracias do mundo, exigem tempo e discussão aprofundada. Referendos e soluções imediatas, especialmente aquelas que imitam as formas da chamada “democracia direta”, quase sempre resvalam para o autoritarismo e o desrespeito às minorias políticas.
A memória do cinegrafista morto merece respeito. E uma forma de fazer isso é não usar a sua trágica partida como pretexto para ações populistas e marcadamente eleitoreiras.
Ora, já existe legislação para enquadrar as desordens praticadas nas manifestações. Por outro lado, o terrorismo é um fenômeno sério e que precisa ser devidamente dimensionado. Para combatê-lo, antes de tudo, é necessário foco. Isto é, saber identificar ações e grupos terroristas. Se não, que Deus nos livre disso!, quando formos alvos de ações terroristas teremos como respaldo para o seu combate uma legislação genérica e produzida para enfrentar Black blocs.