Por Ivenio Hermes
A Escola Estadual Cônego Monte é mais um exemplo da lição de falta de responsabilidade com a coisa pública e o interesse no futuro das crianças potiguares ministrado pelo poder executivo sem compromisso com a cidadania.
A Escola que saiu da responsabilidade da Arquidiocese de Natal, que a manteve por sete anos, há cerca de dois anos, tempo suficiente para que a administração pública faltasse com sua responsabilidade sobre um estabelecimento de ensino que foi classificado em 7º lugar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
O grande descaso com a educação potiguar começa na formação básica, quando deixa em prejuízo aproximadamente 350 crianças na faixa etária de 6 à 10 anos, que tem acesso às atividades de aprendizado em um ambiente mal conservado e feito com material de qualidade duvidosa. E a imagem dessa situação é vista da Av. Jaguarari, por trás do ponto de ônibus, onde se avista o desabamento que ocorreu no dia 06 de dezembro de 2013 em algumas salas de aulas.
O telhado que desabou há cerca de uma semana é simplesmente a materialização de um problema mascarado por promessas de consertos, intimidações da gestão escolar, uso de madeiramento de baixa qualidade e falta de conservação que permitiu que os cupins se proliferassem e passassem a consumir a madeira que não recebeu tratamento.
Desde 2008 tramitam ofícios solicitando investimentos para o controle de pragas, troca de telhas, rachaduras estruturais e pintura higienizadora. O estado de abandono no qual a escola está submetida sai da estrutura física e atinge o ambiente escolar sob o risco de encerrar suas atividades por absoluta falta de condições de funcionamento e atraso de pagamento de salários dos professores e servidores como seguranças e auxiliares de limpeza.
A umidade estraga as salas e torna os ambientes prejudiciais à saúde de funcionários e alunos.
Existem buracos provocados por telhas quebradas em todas as salas da escola, inclusive nas salas administrativas e na biblioteca. Os escoramentos, desde o madeiramento principal formado pela cumeeira, frechais, terças e ripas estão tomados por cupins.
Buracos improvisados nas salas são usados para escoar a água das chuvas que empoçam, mas também facilitam o trânsito de animais peçonhentos que se escondem entre livros e materiais escolares.
A única providência tomada até agora foi a “liberação” das obras através de um ofício cuja cópia inexiste, que foi mencionado por um representante do governo que ninguém conhece e somente citado para impedir uma manifestação que ocorreria em 17 de dezembro de 2013.
Embora grande parte da estrutura da cobertura esteja comprometida pelos cupins e pela madeira de péssima qualidade, a equipe técnica do Corpo de Bombeiros somente interditou as salas onde já havia ocorrido o desabamento e que fizessem limite com elas.
Segundo informações coletadas no local, educadores, pais, familiares e alunos ainda pretendem realizar uma manifestação no dia 18 de dezembro Quarta-feira, às 13:00, para chamar atenção da Prefeitura, Secretaria de Educação e outras autoridades competentes.
Em conversa com a Irmã Inês, gestora da escola, ela se mostrou amedrontada com a situação e inclusive teme ser responsabilizada como bode expiatório pela situação da escola.
Veja todas as imagens feitas para esse pequeno ensaio no álbum completo O Descaso Na Educação Infantil Potiguar na Escola Cônego Monte.
A educação não pode parar, não se pode permitir que esse forte elemento formador da nossa sociedade seja ainda mais desgastado pela falta de compromisso dos gestores públicos com o futuro das atuais crianças potiguares.
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SOBRE O AUTOR:
Ivenio Hermes é Escritor Especialista em Políticas e Gestão em Segurança Pública e Ganhador de prêmio literário Tancredo Neves. Colaborador e Associado Pleno do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Consultor de Segurança Pública da OAB/RN Mossoró. Integrante do Conselho Editorial e Colunista da Carta Potiguar. Pesquisador nas áreas de Criminologia, Direitos Humanos, Direito e Ensino Policial.