Por Ivenio Hermes
Chegamos ao fim de mais um mês do ano de 2013, o penúltimo mês do ano chegou e foi embora trazendo muitas dores para o povo potiguar, que se deparou com mais um mês sem perspectivas de solução para o caos na segurança pública, concretamente arraigado pela inabilidade que a Administração de Rosalba Ciarlini tem para lidar com os problemas que ela disfarça, mas que inexoravelmente vem dizimando a população potiguar em meio a um rio de sangue…
Nas últimas semanas vimos o parecer do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que apresentou as estatísticas sobre os investimentos em segurança pública, seu retorno para sociedade e o reflexo dessas políticas demonstrados nas tabelas tardiamente divulgadas, não por culpa da equipe do FBSP, mas pela falta de alimentação mais célere dos bancos de dados.
“A chuva pode lavar as ruas, lavar a paisagem, lavar a cor,
Mas ela nunca lavará a perda, a falta que fazes, a ausência…
Aquele espaço quase vazio em cujo lugar ficou a dor.”
Nesse contexto, o Rio Grande do Norte foi reconhecido como um Estado de grande capacidade técnicas, contudo, o único a ser classificado na categoria 3, isto é, um péssimo alimentador de informações. Nesse contexto e juntando a falta de disponibilização integral dos crimes cometidos no Estado, dados que não ficam mais de 48 horas à disposição da população e dos estudiosos dos índices de criminalidade, que deveriam ficar sempre disponíveis no link do ITEP, através da Secretária de Segurança Pública e Defesa Social, somada a divulgação de números que não condizem com a realidade, especulações sobre a honestidade e transparência das informações do Governo do Estado são uma mácula a mais nessa administração pública tão sem confiança.
Mas ninguém pode deter o impacto dos números mais confiáveis, obtidos através do acompanhamento diligente do Presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos e Cidadania/RN, Marcos Dionisio Medeiros Caldas, cujos números já nos alertam para o que será o último mês do ano de 2013.
Os CVLI (Crimes Violentos Letais e Intencionais) cometidos até 30 de Novembro de 2013, já somam 1489, e desse índice o feminicídio chega a 108 mulheres dos homicídios cometidos. São 7% de mortes de mulheres. O que nos lembra que um dado pinçado pelo Governo Estadual para mostrar algum tipo de dado positivo nos índices de criminalidade norte-rio-grandense, que foi a diminuição do número de estupros, que podem estar disfarçados nessa cifra maior de morte de mulheres, haja vista que a capacidade técnica do ITEP não permite aos seus peritos determinar se houve ou não conotação de crime sexual nos índices acima.
A morte de jovens também alarma.
No gráfico acima extraído dos estudo do COHEDUCI/RN, apresenta o número de mortes de crianças, adolescentes e jovens de até 21 anos no Rio Grande do Norte. Dos 417 casos, 28 foram moças, meninas e crianças e 389 de rapazes, meninos e crianças. Mortes matadas nos bairros periféricos, na população de baixa renda, aparentando uma agressão orquestrada contra jovens, cujo baixo poder aquisitivo e acesso à segurança, garantem uma invisibilidade na propagação desses crimes.
Novembro não foi um mês tão bom para aqueles que buscam socorro nas políticas públicas inexistentes, que apenas no último fim de semana registrou pelo menos 26 assassinatos para aumentar os índices criminais e as tristezas nas famílias desmembradas.
O Secretário Estadual de Segurança Pública, agindo sobre a pressão dos números escancarados nos jornais, promete uma nova força tarefa contra o crime, e isso é de meter medo. A última força tarefa criada pelo secretário para deter o crime em Macaíba só teve aparente êxito nos primeiros dias, para em seguida retomar a escalada com força redobrada, e isso é claramente explicável pois não adianta ampliar o policiamento ostensivo sem trabalhar em estratégias integradas entre as forças policiais, essa atitude promove reação criminosa que se mostra no aumento do número de autos de resistência que justificam mortes em confronto com a polícia.
E assim termina novembro, marcada pelo sangue e pela morte, que muitas vezes são registradas pelas lentes dos fotógrafos e chocam as pessoas mais sensíveis. Foi em novembro, que vimos um grupo de populares espancar um criminoso até a morte, retornando à barbárie e aplicando o justiçamento porque o Estado deixou de cumprir sua obrigação.
O ano ainda não acabou, vamos torcer para que em dezembro os sentimentos trazidos pelo Natal detenham a escalada da morte, afinal, ninguém mais apaga as ocorrências desses onze meses do ano de 2013, nem as mortes, dores, angústia e a barbárie. E a vida segue assim, deixando o cidadão de todos os rincões do Rio Grande do Norte, aguardando políticas milagreiras e ações inopinadas (apenas para mostrar serviço nos jornais) para solucionar a guerra civil potiguar, tão sazonais como as chuvas de novembro, que nem sempre são abundantes para saciar a sede, quanto mais para lavar o sangue daqueles que foram vitimados pela morte criminosa.
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SOBRE O AUTOR:
Ivenio Hermes é Escritor Especialista em Políticas e Gestão em Segurança Pública e Ganhador de prêmio literário Tancredo Neves. Colaborador e Associado Pleno do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Consultor de Segurança Pública da OAB/RN Mossoró. Integrante do Conselho Editorial e Colunista da Carta Potiguar. Pesquisador nas áreas de Criminologia, Direitos Humanos, Direito e Ensino Policial.