Por Marcos Dionisio Medeiros Caldas
Nesta Segunda-feira, 25 de novembro, registra-se a passagem do Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher, data estabelecida nos marcos do Primeiro Encontro Feminista da América Latina e Caribe, evento realizado na cidade de Bogotá em 1981, como uma justa e pedagógica homenagem a “Las Mariposas”, codinome utilizado em atividades clandestinas pelas irmãs Minerva, Pátria e Maria Tereza Mirabal na luta para pôr fim a Ditadura de Rafael Leônidas Trujillo, na República Dominicana.
O Ditador articulou a soltura das irmãs e seus órgãos de segurança simularam um acidente num despenhadeiro, mas seus corpos sofreram todo tipo de sevicias e as irmãs foram estranguladas a 25 de Novembro de 1960.
Desde Sexta-feira, no Rio Grande do Norte, já foi possível computar-se, PELO MENOS, 26 assassinatos. Do total de ocorrências, 16 deu-se em Natal. Baraúna e São José de Mipibu, tiveram 2, cada. Os demais homicídios ocorreram em Patu, Antônio Martins, Pedro Velho, Caraúbas, Parnamirim e um o ITEP não identificou o local onde o cadáver foi recolhido.
Dos 16 homicídios em Natal, 3 foram em Igapó, com Lagoa Azul e Felipe Camarão tendo 2, cada. As demais ocorrências de Natal situaram-se nos bairros de Nossa Senhora da Apresentação, Pajuçara, Potengi, Quintas, Lagoa Nova, Bom Pastor, D. Rosado, Mãe Luíza e Cidade Nova. Dos 26 assassinatos, 25 foram cometidos por Arma de Fogo e um com o uso de Arma Branca.
Das 26 vítimas, 14 tinham idade até os 22 anos. 12 até os 21 anos. 25 Vítimas Masculinas e uma Feminina. Aparentemente, diferente dos dois últimos finais de semana, membros do segmento LGBT, desta feita, não teriam sido vítimas. Talvez a vizinhança com o Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher, quem sabe de alguma forma, tenham os desígnios poupado vidas femininas.
A jovem morta tinha 16 anos. Se foi uma morte feminina, não nos olvidemos que a esta hora, mães, irmãs, namoradas, tias , avós e viúvas pranteiam suas perdas no RIO GRANDE DE MORTE, tantas mortes como nunca, a destruir famílias e comunidades, atingindo de chofre os humilhados da periferia, mas aqui e ali ferindo o conforto das camadas medianas, alertando que a violência mostrada na TV e nos jornais vão fechando o círculo e começará a atingir toda a sociedade se algo não for alternado no funcionamento das nossas instituições de segurança e de justiça.
E a mudança há que se dá como uma possibilidade ensejadora de direitos e não de recrudescimento da violência estatal. No 25 Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher, não há o que se comemorar no RIO GRANDE DE MORTE. Já estamos alcançando uma centena de vítimas femininas na Guerra Civil Potiguar com as vítimas sendo mortas por Arma de Fogo, Armas Brancas, Espancamentos e até por pedradas. Vítimas do machismo e da insensibilidade masculina. Tantas mortes, tantas lágrimas é de lembrar-se do poeta português Almada Negreiros: “Ó mar salgado, quanto do teu sal / São lágrimas de Portugal” e me permitam a tentação de parafraseá-lo: “Ó mar salgado, quanto do teu sal / São lágrimas de Mossoró, Macaíba, Baraúna, Parnamirim, de tantos outros lugares e de Natal”.
_______________
SOBRE O AUTOR:
Marcos Dionísio Medeiros Caldas, advogado e militante dos Direitos Humanos, Presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos/RN e Coordenador do Comitê Popular da Copa – Natal 2014, com efetiva participação em uma infinidade de grupos promotores dos direitos fundamentais, além de ser mediador em situações de conflito entre polícia e criminosos e em situações de crise de uma forma geral