“De que serve a bondade
Quando os bondosos são logo abatidos, ou são abatidos
Aqueles para quem foram bondosos?De que serve a liberdade
Quando os livres têm que viver entre os não-livres?De que serve a razão
Quando só a sem-razão arranja a comida de que cada um precisa?”Bertold Brecht
Hoje o Projeto Poéticas Urbanas construiu coletivamente com o AcampadaOkupaCâmara em Natal/RN a intervenção artística “Corpos violados”, todos que estão no acampamento tornaram-se sujeitos da ação.
O espaço do acampamento é aberto a todos e está sendo realizado todos esses dias diversas atividades para crítica, reflexão e atuação em diversos saberes e fazeres sociais, pontuando não apenas a questão do Passe Livre (pauta central), mas uma resistência e uma okupação de um território que deveria fomentar práticas para diversas transformações. A intervenção foi realizada na Câmara Municipal de Natal e buscou refletir sobre temáticas acerca da violência do poder econômico e do Estado aos nossos corpos, não apenas ao físico, mas o próprio corpo social.
É preciso questionar por quê, no espaço que deveria ser nossa própria casa, somos recebidos de forma tão truculenta (veja agressão a manifestantes na Câmara Municipal de Natal), é preciso buscar entender a configuração de uma polícia que atua de forma tão truculenta e sem respeito mesmo em frente a câmeras (veja vídeo da última ação da PM na Câmara). É preciso entender por quê o Estado acredita que é dono de nossos corpos e buscam manipular as coordenadas de nossas escolhas.
Corpos violados. A opressão do Estado no nosso território, em nossas casas, em nossas vilas, nossas favelas, nossas ruas, nosso sangue, nossos rostos. O sangue de nossas crianças, de nossas mulheres e nosso próprio sangue está nas mãos de um sistema opressor que maquia sua própria atuação.
Representação da lógica de um poder econômico e um Estado que nos silencia e nos violenta através das mais diversas vias e extensões dos diversos poderes, sejam estes apresentados por uma polícia fascista, por mídias hegemônicas ou por nós mesmos, condicionados a vigiar e punir o outro por sua diferença, acostumados a tornar os corpos invisíveis e entranhados numa falsa percepção de democracia.
Confira mais fotos aqui.
O Projeto Poéticas Urbanas (Eixo Arte e Cultura) está em processo de construção continua, é aberto, autônomo e composto de ações. Acreditamos numa arte transformadora e reflexiva, numa ação crítica que move eixos políticos e sociais.
Acreditamos que podemos ser nossa própria voz.