Por José Cleyton, Cientista Político e Mestrando em Ciências Sociais
É desprezível e inaceitável a hostilidade aos médicos estrangeiros por parte de segmentos da sociedade brasileira. Estão tratando esses médicos como se eles fossem ameaças e ou razão do problema. Enquanto a questão central é deixada de lado. Ora, o problema não é à entrada de médicos estrangeiros, mas manter a política de saúde vigente com ou sem esses médicos. Em outras palavras, a questão central é como superar a atual precarização do serviço de saúde pública em função do serviço privado. É sobre essa questão que deveríamos debater.
Daí não importa a cor, idioma e a nacionalidade dos médicos, pois enquanto o serviço de saúde não for 100% público-estatal e democrático assistiremos o caos nos hospitais por muito mais tempo. Não basta, portanto, “importar” médicos. Isso não resolverá o problema sem que haja estruturas adequadas para a prestação do serviço. (Vivemos num tempo em que é preciso lembrar o óbvio).
E por falar em médicos estrangeiros, os médicos cubanos, por exemplo, têm muito a nos ensinar sobre saúde pública. Em outro contexto e com outros princípios, os médicos cubanos realizaram trabalhos excelentes no Haiti – Cuba foi a única nação que permaneceu prestando assistência humanitária ao povo haitiano após o terremoto de 2010. Cuba também mantém um sistema de cooperação por meio da ALBA (Aliança Bolivariana para as Américas) com a Venezuela, Bolívia, Equador e outras nações latinas. Essa cooperação já resultou na erradicação do analfabetismo e de diversas doenças nestas outras nações.
Mas no Brasil as forças reacionárias não querem nem saber da ALBA. E, lançam, agora, uma cortina de fumaça sobre o problema da saúde ao enfatizar a entrada de médicos estrangeiros como suposta “ameaça” aos médicos nativos. Ademais, tencionam para que o programa de privatização se amplie. Deixando, desse modo, a questão central de lado. Afinal, a precarização do SUS resulta em bons faturamentos para a poderosa indústria farmacêutica e os planos de saúde carniceiros. Grandes financiadores dos partidos da ordem.