Autoritarismo: defender estado democrático apenas para os seus. Não para quem não age, não concorda com ele ou não se encontra na mesma posição social e política.
Como disse Michel Foucault, mataram 20 milhões de pessoas na União Soviética por acharem que, quem não se enquadrava na “minha concepção” ou não estava no “meu grupo”, poderia ser vítima do radicalismo em prol da revolução – assassinaram maciçamente burgueses, camponeses, intelectuais liberais, anarquistas, homossexuais, ciganos, estrangeiros, etc.
Zygmunt Bauman narra o que essa concepção capitaneada pelos soviéticos foi capaz de produzir na invasão russa a sua Tchecoslováquia. Puro terror totalitário sob a desculpa de que se atacava quem não defendia trabalhadores.
Na Alemanha, e seu totalitarismo racista, 8 milhões de judeus mortos porque o Estado não funcionava para eles e, sim, contra eles.
São algumas das consequências de não se levar o respeito ao Estado Democrático de Direito à sério, de não se preservar pessoas em nome do suposto “valor superior” da luta política.
E para os teólogos fundamentalistas da política é preciso dizer também: o Estado Democrático de Direito não foi uma “concessão burguesa”, nos lembra Marx em “O 18 de Brumário”, ao criticar o radicalismo – que não vai à raiz do problema – de sua época. Foi o resultado de muito sangue derramado de quem deu a vida por ele. O sufrágio não foi uma dádiva, mas o resultado de muita pressão social, enfatizou Engels no fim de sua vida.
E o pior: quando o Estado Democrático cessa são os mais pobres, além de outsiders (quem não pensa como a corrente e não aceita ditaduras, totalitarismos, críticos das desigualdades de gênero, etc), que acabam pagando.
Há pequenos grupos saudosos dos modelos soviéticos. Mas, felizmente, não conseguem o voto de 2% dos cidadãos.
Mas é essa a tocada progressista de agora. Pelo menos para uma minoria. E que alguns conhecidos meus, que eu acho que leram Foucault e outros críticos dessa história, caem feito bobinhos.