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Os ideólogos da impotência contra a primavera sem a rosa

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Por José Cleyton N. Lopes

(Cientista Político e Mestrando em Ciências Sociais – UFRN)

Está iludido quem crê que os únicos obstáculos a serem superados pelos oprimidos e explorados do Rio Grande do Norte sejam as oligarquias Alves, Mais e Rosados. É preciso levar em conta também a importância daqueles que Eduardo Galeano chamou de “ideólogos da impotência”. Presentes desde sempre nos conflitos entre as classes sociais.

Os ideólogos da impotência também são oprimidos, mas veem a realidade com os óculos dos opressores. E dessa forma, eles encontram ameaças onde só os opressores a notam. Esse é caso de alguns analistas da cena política potiguar. Quer seja para defender a ordem, quer seja para frear as ações dos oprimidos, esses ideólogos estão sempre prontos para desqualificar o que ameaça os opressores.

Quando quarta-feira(21) os servidores da saúde, educação e os estudantes decidiram acampar em frente à casa da governadora Rosalba, indicando a aurora da primavera, os ideólogos da impotência rapidamente vociferaram “reflexões” a fim de desqualificar o ato. Mas este ato reflete, na realidade, o acúmulo de revoltas, experiências e lutas travadas em prol da melhoria dos serviços públicos essenciais para a sociedade. E, como é sabido, inscreve-se igualmente nos marcos da conjuntura nacional.

Os ideólogos da impotência, no entanto, ignoram esses fatos. Porque para eles, a única forma de luta é aquela que obedece as “regras do jogo”. Regras, diga-se de passagem, convenientes apenas para aqueles que estão vencendo. Daí o trabalho desses ideólogos ser tão funcional à conservação da ordem. Uma vez que sua fala confunde e desorganiza os que estão perdendo.

É nesse sentido que a tarefa de superar as oligarquias requer igualmente a superação da visão míope e torta desses salvacionistas da ordem. Jamais, portanto, deve-se subestimá-los. Pois, a um só tempo, a difusão da impotência sobre os oprimidos potencializa a dominação dos opressores. E desse modo, os ideólogos da impotência podem colaborar substancialmente para o adiamento da “primavera sem a rosa” no Estado potiguar.