Os dados são alarmantes. Em 180 dias 270 jovens foram assassinados em Natal este ano. A maior escalada de homicídios entre as capitais do Brasil.
Há uma indiferença muito grande. E ela tem a ver, acredito modestamente, com o critério de que o envolvimento com o tráfico desresponsabiliza o Estado e a Sociedade de enfrentar o problema.
“Quem mandou se meter com drogas”, escuto e leio, de modo “suave”, nos jornais.
Tal justificativa, que mantêm os atores (in)convenientemente calados, é absurda. Mesmo que a causa para tanta morte se apresente como verdadeira – o que precisaria de mais análises dos especialistas -, o uso de entorpecentes e/ou relação com o tráfico não torna ninguém menos gente, menos cidadão.
É preciso enfrentar essa barbárie.
E atacar a situação que está ceifando natalenses não se restringe ao pedido de mais polícia. Ela é imprescindível. Mas igualmente importante é criar uma rede de proteção, mobilizar os poderes constituídos, conselhos gestores. Construir uma ampla agenda.
Nesses tempos de protestos, está aí uma bandeira para empunhar urgentemente e se indignar, sair da inércia.