A Carta Potiguar, num grande furo de reportagem, conversou longamente com o Gigante, que acordou nas últimas semanas e foi às ruas para protestar.
No bate papo ele falou sobre as manifestações, suas indignações, mas acabou se espantando com muita coisa que ele ainda não sabia.
Imperdível!
Gigante pouco antes de acordar do seu sono profundo
Carta Potiguar: Bom dia, gigante. Como vai a vida?
Gigante: indo… meio sonolento ainda, mas agora que acordei, estou de olhos bem abertos.
Carta Potiguar: o que te fez acordar e ir às ruas?
Gigante: rapaz, quero um Brasil melhor: desenvolvimento, saúde, educação, menos corrupção, um Brasil mais justo.
Carta Potiguar: Gigante, mas você não acompanhou a maior reversão da pobreza da história do Brasil? O Bolsa Família, que se iniciou com Lula e a erradicação da pobreza extrema, que vem sendo feita por Dilma?
Gigante: Não me falaram nada. Ahhh! Li sobre isso na Veja: não é aquele programa eleitoreiro, que alimenta às pessoas em troca de votos? Sou a favor de um plebiscito para impedir o direito à voto dessas pessoas, como sugeriu a Veja.
O gigante se assustou, deu um pulo da cama e saiu para protestar
Carta Potiguar: Gigante, não é bem assim. Conforme dados do IBGE, IPEA e pesquisas tocadas pelos doutorandos Brasil afora, o bolsa família trouxe inúmeros benefícios: contribuiu para o fim da pobreza extrema, diminuiu a taxa de mortalidade, de trabalho escravo, mantem a criança mais tempo na escola e diversificou às economias locais. Em livro recente, uma pesquisadora demonstrou, inclusive, que o Bolsa Família gera mais liberdade política e não o contrário, pois que liberta o eleitor das redes coronelescas de suas regiões. O Bolsa Família foi premiado pela Organização das Nações Unidas.
Carta Potiguar: E mais gigante: cidadãos costumam votar em governos que eles aprovam. E bem racional, alias.
Gigante: mas torna os pobres dependentes. É preciso dar o peixe, mas ensinar também a pescar.
Carta Potiguar: Gigante, olhe isso: 1,69 milhão de famílias abrem mão do Bolsa Família. Os Brasileiros querem viver do seu próprio sustento e o governo vem criando meios para que isto ocorra.
Gigante: Ahhh – interrompe o Gigante –, mas eu ouvi o grito daqueles que pediam por um sistema de ingresso nas universidades mais justo. Esse negócio de cotas para pobres e negros não está com nada. E o desempenho como fica? O jornal nacional nunca elogiou essa política.
Carta Potiguar: Gigante, aqueles que entraram pelo sistema de cotas têm o mesmo desempenho dos demais.
Gigante: Mas tirou os que queriam estudar da Universidade. Um absurdo!
Carta Potiguar: Gigante, o atual governo, através da Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI I e II), duplicou o número de vagas nas universidades públicas. Foram 16 novas universidades abertas. Lula e Dilma caminham para superar o número de mais de 300 institutos federais criados. Enquanto isso, durante a década de 1990 nenhuma foi aberta. O presidente daquela época proibiu qualquer Instituto Federal novo, inclusive. Além das universidades, há um programa chamado Universidade Para Todos (PROUNI) que já custeou os estudos de mais de 1 milhão de alunos. Não bastasse isso, o Pronatec vem utilizando toda essa estrutura para oferecer ensino técnico gratuito nas capitais e grotões desse país. E milhares de pós-graduandos estão tomando o mundo em prol da construção de uma ciência de ponta, no chamado ciências sem fronteiras.
Gigante: Vixe, eu não sabia. Mas as pessoas estão nos hospitais precários. Eu li no Estadão, que o governo quer ideologizar a saúde, trazendo médicos incompetentes cubanos para trabalhar aqui. É um golpe comunista!
Carta Potiguar: Há muito o que melhorar, gigante. Mas os últimos anos foram de avanços também. O SUS se amplia, prova é que o Brasil atingiu a marca histórica de investimento em saúde de R$ 400 por habitante no Brasil. Mas é preciso mais. Os médicos cubanos, mas também portugueses e espanhóis não vão tomar a vaga do médico brasileiro. Só irão para onde o médico brasileiro se recusar a ir.
Gigante: mas são incompetentes!
Carta Potiguar: Gigante, não é bem assim. Eles atingiram a condição de médicos, seguindo todos os trâmites educacionais em seus países. E eles terão acompanhamento aqui. Não serão soltos.
Gigante: o gigante boceja.
Carta Potiguar: Gigante, o Brasil tem a metade dos médicos considerados necessários pela organização mundial da saúde. Outros países que atingiram a quantidade adequada, só conseguiram um novo estágio, importando médicos. A Inglaterra tem 37% dos seus médicos estrangeiros. O Brasil só tem 1,7%. A Inglaterra é comunista? E outra: eles vêm atuar em medicina de base e não fazer procedimentos de alta complexidade.
Gigante: Está ok. Mas eu quero um país justo e sem corrupção. Isso está acabando com a nação! O povo com a cara pintada clama!
Carta Potiguar: Gigante, os 10% mais pobres há 10 anos recebem hoje uma renda 550% maior. A geração de empregos no país é a maior do mundo. Em que pese à crise econômica mundial, o Brasil vive momento de pleno emprego. O governo do PT tem melhorado a qualidade de vida de milhões de brasileiros. Este governo aumentou a renda acima da inflação e gerou a maior reversão da pobreza de nossa história. Lembra o que lhe falei lá no início? Na década de 90, aconteceu justamente o inverso. A renda cresceu abaixo da inflação e concentração de riqueza aumentou. Hoje, a gente se desenvolve distribuindo. Todo mundo ganha com a expansão brasileira e não apenas um punhado de supercidadãos às custas da maioria que empobrecia, como era no passado.
Gigante: e a corrupção? O que você me diz?
Carta Potiguar: Gigante, o trabalho quanto a isso deve ser contínuo.
Gigante: eu quero políticos honestos!
Gigante: O Gigante se exalta e puxa um cartaz com a frase: “O GIGANTE ACORDOU”.
Carta Potiguar: nós também queremos. Mas corrupção se combate com o fortalecimento de instituições de controle, com mais transparência e democracia e não com uma suposta superioridade moral no estilo udenista. Não é possível cair mais nessa.
Gigante: eu acordei uma vez, dei uma pequena olhada na Folha de São Paulo e vi que existia alguém capaz de varrer essa praga de nosso país. Um homem acima de qualquer suspeita. O nome do novo caçador de marajás é Demostenes Torres (DEM)! Aquele sim resolveria tudo.
Carta Potiguar: vejo que teu sono foi profundo. Este caçador de corruptos mostrou ser a maior farsa dos últimos anos, Gigante. Foi pego em interceptações telefônicas, negociando projetos no senado em troca de dinheiro de um bicheiro.
Gigante: Mas a Veja, aquela trincheira moral do país, denunciou, né?!
Carta Potiguar: Não.
Gigante: Por que?!, perguntou o Gigante transtornado.
Carta Potiguar: porque um de seus jornalistas estava totalmente encalacrado. A água da cachoeira que molhava o Demóstenes, também mandava até na capa daquele periódico. O bicheiro também recebeu ajuda da Veja.
Gigante: Não acredito!
Carta Potiguar: hoje, a corrupção aparece porque se investiga mais. Nunca a polícia federal, o ministério público, os tribunais de conta, Coaf, enfim, às instituições de combate à corrupção investigaram tanto.
Gigante: E porque, agora nesse meu novo despertar, eu não li nada a respeito disso? Assim que acordei, eu passei numa banca e comprei vários jornais, revistas e adquiri até uma Tv por assinatura. Fiquei horas lendo Veja, Época, Estadão, Folha de São Paulo, O globo e não tirei os olhos do jornal nacional e da Globo News. Não vi nada disso. Por que?!
Carta Potiguar: Gigante, porque o atual governo vem mexendo em privilégios, fazendo reformas históricas. Enquanto você dormia, muita gente lutava. E muito. E a mudança nas estruturas desse Brasil incomodou uma minoria extremamente resistente e conservadora. Parte das elites desse país ainda não consegue aceitar que um presidente metalúrgico tenha feito mais do que aquele que era tido como o intelectual por excelência, que alguns, em seus complexos de vira-latas, acreditavam até que ele falava javanês.
Gigante: faz cara de estupefato.
Carta Potiguar: Gigante, sempre disseram que um governo que fosse mais pelo trabalho do que pelo capital iria quebrar o Brasil. Não só não quebrou, como mudou para melhor.
Gigante: acho que vou voltar a dormir.
Carta Potiguar: Não vá… lute conosco. O Brasil precisa avançar ainda mais – tem o plebiscito, a reforma política, a importação dos médicos, mais recursos estratégicos para saúde e educação, etc. Não deixe de nos ajudar.
Gigante: Ok. Deixa só eu processar tudo. Foi muita informação para mim.