Refletindo sobre tudo o que se desenrolou nas frenéticas últimas semanas, fica a questão: afinal de contas, a #RevoltadoBusão venceu em seu pleito fundamental – abaixar a passagem?
A resposta é sim. Após a pressão dos protestos, veio a desoneração federal do PIS-COFINS e, depois, uma segunda queda com a prefeitura do Natal, assumindo os gastos e o retorno da tarifa para R$ 2,20.
Mas a partir de quais condições? Foi vantajoso para a sociedade? E a resposta é não. Isto porque serão os governos federal e municipal que vão arcar com tudo.
Caixa preta do transporte continua completamente fechada, lacrada.
E isto traz implicações objetivas. A união, que fica com 70% de tudo arrecadado no Brasil, não sofrerá tanto. Mas e a Prefeitura? Serão 12 milhões a menos no já combalido cofre, que foi desgastado por um furacão que também atendia pelo nome de borboleta.
Ora, o orçamento deste ano prevê uma capacidade de investimento de 700 mil reais. Dinheiro não sobra, falta. E esses 12 mi, não nos enganemos, sairão de outras pastas.
E aí você pode imaginar: ah, mas o dinheiro vai ficar no bolso do usuário. Sim, sem dúvida.
Agora, raciocine comigo – 4 em cada 10 pessoas da dita Classe C utilizam ônibus constantemente e os demais esporadicamente; 2 em cada 10 pessoas da B também. Estes cidadãos, com relativo maior poder aquisitivo, estavam custeando esse aumento, além dos empregadores que bancam o custo global de mão de obra, aonde a locomoção do funcionário também está inserida.
Enquanto isso, os serviços fundamentais prestados pelo poder público municipal (saúde, creche, educação, etc), muito mais utilizados pelos mais pobres (sem recursos para plano de saúde e escola privada), vão segurar os 12 mi a menos.
Na prática, o pagamento da passagem se dava em cima de uma base maior de pessoas e atores e com condições aquisitivas para tanto.
No caso dos serviços públicos, não. Do ponto de vista global, pela minha hipótese, serão os que mais dependem desses serviços, que vão sofrer mais com o modelo atual.
Sim, e por que o Seturn venceu? Ora, porque quanto mais barata a passagem, maior será a quantidade de usuários. Essa correlação é histórica.
Em suma, Seturn terá mais clientes, com um subsídio da prefeitura, que sairá das outras secretarias.
A propósito, o secretário de saúde Cipriano Maia, preocupado com a falta de condições físicas de funcionamento, ameaça fechar 15 postos de saúde.
O seu aperreio maior, conforme imprensa local, é que não há dinheiro para reformá-los.
E aí?