Por Wellignton – Professor de Economia da UFRN
Em seu blog: http://www.wellingtonranzinza.blogspot.com.br/
Na quinta-feira (20) Natal teve uma das maiores manifestações populares da sua história recente. Um mar de jovens, especialmente jovens, inundou a BR-101 e expôs as entranhas de um sistema político anacrônico, que há muito deixou de estar em sintonia com o desenvolvimento da democracia, mas que permanece presente graças a uma série de elementos que ainda não foram superados.
Natal em 20 de junho : milhares na BR-101.
Banho de democracia? Certamente que a democracia brasileira, que tem apenas 28 anos, foi sacudida por milhares que foram as ruas do Brasil e pelos pouco mais de 20 mil que se espalharam pela BR-101, numa miríade de cores e interesses. É de se lamentar que a retirada dos ônibus, estratégia dos empresários com o beneplácito do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do RN (SINTRO-RN), tenha desestimulado, quero crer, a participação de milhares de trabalhadores que poderiam ter engrossado essa manifestação. Mas isso é mera suposição.
BR-101 em Natal : a maioria era de jovens.
Acompanhando uma tendência vista nas últimas manifestações, emergiu um grito “apartidário”, violento e truculento, estranho a manifestações que seriam “democráticas”, animado pelo sentimento, justo, de indignidade contra um sistema que eles mesmos sustentam, ou pelo menos sustentavam até semanas atrás, via apatia política e o voto sem critério algum.
As bandeiras dos partidos foram hostilizadas.
A moçada, movida pela adrenalina e animada pelos sussurros e gemidos vindos da obscuridade fascista, puseram em ação a truculência anti-democrática via gritos de liberdade e democracia.
Protesto que, se num primeiro momento foi considerado “baderna” pela mídia, como num passe de mágica, passou a ser “manifestação” e a “baderna” passou a ser reverenciada como um “muda Brasil”, talvez numa referência ao “Fora Collor”. A crise de representação, que se arrasta desde a década de 90, agora foi exposta à sociedade e a face dessa crise é feia.