Movimento não tem nada de apolítico: sempre teve pauta clara, que não é da inflação, nem muito menos da estabilização econômica, aumento de juros ou contra bolsa família e programa de cotas nas universidades. A agenda dos manifestantes é a da desigualdade, algo atestado pela pesquisa DataFolha e inscrito nos documentos dos setores que estão participando das passeatas e negociando com os poderes públicos municipais.
Mas a direita tenta, desesperadamente, inventar um novo movimento caras pintadas para golpear a Dilma. Não está dando certo.
E a Mídia, mais perdida do que cego em tiroteio, piscou – apoiou violência policial e se viu obrigada a recuar. Tanto é que está se explicando o tempo inteiro, andando sem logomarca de suas empresas nos protestos, sofrendo com manifestações em suas portas. O editorial lido, em pleno jornal nacional da globo, defendendo a imparcialidade na cobertura, foi a expressão de quanto a imprensa tradicional está nas cordas.
Os protestos também nada têm a ver com “amorfo descontentamento”, terminologia empregada pelos especialistas da Folha, O Globo, Globo News, Estadão e Cia, para logo depois tentar renomear às reivindicações dos movimentos sociais com vistas a 2014 e encher a bola de seu brado retumbante tucano.
Atentem para o que deveria ser óbvio. O que está sendo dito é: queremos participar, mobilidade, à cidade.
E vamos ser sinceros, direita nunca foi muito ligada nessa história de ampliar a igualdade. Daí o aperreio por ver que, ainda que movimento se diga sem partidos (em que pese todos atos serem organizados por entidades com um perfil político progressista evidente e não por fantasmas como na acepção espontaneísta), na prática, será à esquerda, com o seu histórico discurso de combate à desigualdade e exclusão, que sairá fortalecida.
O gigante não acordou. Parcelas da sociedade já lutam há bastante tempo por inclusão, para ampliar (explodir!) a cidadania regulada minimalista. Eram os conservadores que estavam hibernando no lindo mundo da sua matrix. Alias, parece que o sono ainda é profundo.