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Os protestos, dentro e fora do Mané Garrinhca e as vaias nos campos de futebol

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Os Protestos, Dentro e Fora do Mané Garrincha 2As Vaias nos Campos de Futebol

Estádio de futebol, dizia João Saldanha – se referindo ao Maracanã – vaia até minuto de silêncio. As elites de Brasília e de outros estados não iriam perder essa oportunidade, como César Maia não perdeu na abertura do PAN.

Jamais serei o que caminhoneiros ou mineiros chilenos foram para Allende. Mas não custa nada refletir com uma dose de humildade acerca dos tempos em que vivemos.

Com a saúde e a segurança falidas, privatizadas, refletindo-se em morte evitáveis e uma profusão de mortes matadas na periferia dos centros urbanos , chegaria um momento, claro , em que a população, mesmo tarada por futebol, faria a contraposição das crises nesses serviços com os gastos da Copa. Esse era o protesto que havia lá fora.

Lá dentro, a elite branca e egoísta da qual nos falava o “revolucionário” Cláudio Lembo, pôde fazer livremente seu protesto que vai ser amplificado pela “liberdade de imprensa” dos donos da voz.

Lá fora, o legítimo protesto, era tratado como os bárbaros eram tratados pelas legiões romanas.

Os Protestos, Dentro e Fora do Mané Garrincha 3Tivemos uma semana atípica em que a população, principalmente jovem, reinventando a luta “contra 20 centavos” que vem a ser talvez o necessário para prover a população de tudo que é lhe negado por nossa tenra Cidadania. E foram tratados à bala, trancos e trunfadas. Os Alckmistas desceram a lenha, como os Malufistas desceram a lenha paramilitar na Freguesia do Ó, lá atrás.

Haddad tropeçou na sua índole democrática e seduzido pela mídia, num primeiro momento, fez dupla caipira com Alckmin, só depois das imagens chocantes, voltou atrás e agendou uma mesa de negociação com o movimento.

A vaia em Dilma serve para mostrar ao Governo que ele foi eleito com o plano de governo que prometia saúde, educação, regulação da mídia, emprego, segurança e que havia um III Programa Nacional de Direitos Humanos construído pela Sociedade, livremente, que lhe elevaria a qualidade de vida em bases humanistas.

As vaias de hoje, foram circunscritas aos boçais donos do PIB que tiveram acesso ao Estádio Nacional de Brasília. As vaias são pelo que deu certo no Governo. Nenhum risco corre o Governo Dilma, mesmo que seja Mil vezes amplificadas.

Os Protestos, Dentro e Fora do Mané Garrincha 1bA vaia que deve preocupar o Governo é aquela silenciosa e dorida da segurança cotejando 53.803 homicídios (previsão do Avante Brasil – 2012); é a não regulação da mídia, é o silêncio ante a criminalização dos movimentos sociais e naquele episódio Infeliciano; é a descontinuidade das políticas de cultura; é a relação burocrática com os governos reacionários; é a não punição dos crimes cometidos pelos militares na Ditadura e, principalmente, o garantir escolas de boa qualidade que façam nossos jovens sonharem e a demora em erradicar o trabalho infantil, a exploração sexual de crianças e adolescentes, o analfabetismo.

Reconheço e conheço muitos avanços. Deparo-me com eles todos os dias. Mas não posso admitir por minha índole Democrática que se naturalize coexistir com mais de 53000 homicídios por ano e o Governo Federal ache que segurança seja papel dos Estados com suas polícias violentas. Nem tampouco posso estar satisfeito com os lucros incomensuráveis do sistema financeiro. Alguma coisa está fora da ordem. Há tempo para corrigir, ousando e democratizando as políticas públicas do estado brasileiro e desprivatizando a força dos vampiros que drenam seu sucesso a custa da miséria da população.

Essa vaia representa a elite branca e egoísta buscando a vindita. Mas como listei acima, há muito o que se fazer e a conjuntura não admite timidez ou vacilo. E seria bom, ouvir o que os gritos das ruas dizem sobre o alto custos dos estádios e sobre a higienização que está se fazendo em nome da Copa com desapropriações perversas e obras caras e inconsequentes.

E também usar o peso do Governo Federal para impedir o revisionismo histórico em curso e o cipó de aroeira no lombo de quem não quer o passado como era e quer o presente parindo o futuro.

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SOBRE O AUTOR:

Marcos Dionisio Medeiros Caldas é Presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos (RN) e da Coordenação do Comitê Popular Copa 2014 – Natal.