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Nenhum fim de dia chuvoso é triste quando lutamos na hora certa

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2013-06-13 08.35.29_SmokeUm compromisso com várias Comissões na OAB para tratar do Movimento Contra a Insegurança Social no RN me atrasou e quando pude chegar à manifestação do Comitepop Copa Natal, da APAC e da meninada da “Revolta do Busão”, ali pela cabeça da Av. Solon Galvão, constatei que havia perdido o melhor da festa cívica.

Mas, debaixo de chuva protestou-se contra a mega obra, cara e desnecessária da Av. Roberto freire e deu-se continuidade a luta por um melhor Sistema de Transporte para o natalense com tarifa e a qualidade dos serviços sob controle social e transparente.

Diferentemente do que acham alguns arautos do neoliberalismo que se querem garantidores do estado democrático de direito, os carros que passavam saudavam aos manifestantes.

Gerações de militantes se encontraram. Soube por Maria Das Neves Valentim que o empedernido Salão, poeta e um homem preso ao seu tempo e às suas convicções, dançou e passeou pela chuva arrastando o boneco do Bichinho do Parque cujo nome , minha língua nem consegue soletrar sua simpatia e meu latim é pouco e displicente.

Mas quando falei de encontro de gerações de militantes é que, a meninada sem líderes e sem timidez, que reinventa a luta nas ruas de Natal e quebra a pretensa hegemonia da acomodação, lutou hoje ao lado de Francisco De Sales Felipe, o Salão. Alma humana e destemida que começou sua vida pública na companhia de um certo Dom Hélder Câmara, com quem conviveu em delicados tempos de guerra, tempos de cuidar da chama da esperança para afugentar as almas sebosas.

Os mais antenados devem lembrar de passagem recente onde sua coragem foi posta à prova e ele, solitariamente, não negou fogo e enfrentou a peleja que precisava ser enfrentada.

Em “tempos de chuva”, convocar manifestações de rua é sempre arriscado, não pela chuva, se é que me entendem.

2013-06-13 11.48.04_SmokeMas risco maior do que os pingos d’água na cabeça é o estrupício que o Governo – que é desaprovado por 87% dos consultados da Consult – quer fazer ao preço de 221,7 milhões de Pilas, ao longo de 4KM da Av. Roberto Freire. Veja só, num estado que se diz pobre, o Gov. RN quer gastar a bagatela de 55 Milhões por quilômetros. Além de agredir ao Parque das Dunas.

Fala-se que, só com 55 Milhões daria para resolver os entraves do trânsito na Roberto Freire, a saber, no seu cruzamento com a Av. Ayrton Senna, ali pela altura da UNP e na rótula da Via Costeira.

Por um Quarto do valor total, então, se resolveria os seus pequenos gargalos. O restante dos recursos poderia ser aplicado em mais intervenções para assegurar a mobilidade na região Sul ou mesmo convenientemente autorizado pelo Governo Federal, redirecionados para a saúde, segurança, sistema de medidas socioeducativas, cultura, habitação, lazer ou para a “casa dos mortos” do Sistema Penitenciário.

Cheguei já no fim e encontrei os companheiros, molhados de chuva, de civismo e da alegria que só a luta justa bem travada trás. Impossível não lembrar Damário da Cruz que, em sua, Previsão Meteorológica, nos diz:

“Nenhum

dia é triste!

Nós é que chovemos

na hora errada”.

Ou como ouso reescrevê-lo, nessa noite quase fria:

“nenhum fim de dia chuvoso é triste, pois lutamos na hora certa, encharcados no amor à Natal e na necessidade de mudar uma ordem injusta e preconceituosa”.

Recusar a acomodação é preciso, posto que são tantas lutas que precisam dos nossos braços e gritos.

Marcos Dionisio Medeiros Caldas, cognominado, Mosquito

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SOBRE O AUTOR:

Marcos Dionisio Medeiros Caldas é Presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos (RN) e da Coordenação do Comitê Popular Copa 2014 – Natal.