“Depois de apanhar até não aguentar mais, o prisioneiro foi trancafiado. Ficava no subsolo e a cela tinha um buraco no teto em que todos, soldados, oficiais e civis, utilizavam para fazer suas necessidades fisiológicas. Como era bastante pequena, não era possível manter distância da urina e fezes que caiam”.
Foi com este relato impressionante, que um historiador me falou sobre algo que muita gente prefere não lembrar – tortura não foi prática distante do nosso estado durante a ditadura militar no Brasil, que vigorou de 1964 à 1985. O caso mencionado acima ocorreu no RN. Numa base militar, que hoje serve de partida turística.
Hoje todo mundo se diz democrático. Torço para que a comissão estadual da verdade cumpra o seu papel, mencionando, inclusive, os nomes e mostre que o nosso passado não foi tão simples assim. Ditadura nunca mais. Se soubermos de todas as consequências da tortura, esse crime abjeto, com certeza, será bem mais difícil dele retornar um dia. E será uma forma de fazer justiça em relação aos que sofreram nos porões do golpe. A Alemanha, com um holocausto bem mais sangrento, fez o seu acerto de contas com o passado. O Brasil e o RN devem fazer o seu também.