Natal, para usar um bom conceito da sociologia urbana, poderia ser pensada como “um não lugar”.
Não temos salas de cinema em abundância e só há uma biblioteca pública. No entanto ela está sob o crivo da crítica alérgica do mofo. Se alguém com rinite quiser se suicidar, basta passar na frente.
Quadras quebradas e as praças são, via de regra, desconfortáveis (quando existem). Se você for peladeiro de basquete como eu, então… saberá o que é habitar num município carente de equipamentos públicos esportivos.
Em Natal não há cultura, só eventos.
O shopping MidWay é o principal espaço de convivência.
Sintomático.
Para complicar ainda mais, a PotyLivros da BR 101 será fechada. Muito triste o cenário com as prateleiras vazias e queima de estoque semelhante a uma alteração de coleção de verão para outono-inverno.
Às vezes fico com um amigo, que sempre fala: se olhassem para Natal e vissem como ela realmente é, com certeza, as coisas já estariam em situação diversa. Entretanto, preferem acreditar na marqueteira ideia – meio no estilo bobo alegre – de que somos a “cidade do sol”.
Podemos até ser a cidade do sol, mas está faltando todo o resto.