Preenchendo o Vazio do Erro
Por Filipe Mendes¹ com texto de apresentação de Ivenio Hermes
O orgulho que embota a razão enche a caneca do egoísmo com o viscoso sentimento da arrogância. Incapazes de admitir pequenos equívocos, os homens seguem inflando seus orgulhos.
As questões sociais estão cada vez mais aparentes e as pessoas pensam que o simples manifestar do “curtir” e “compartilhar” pelas redes sociais, durante seu dia entre o correndo e o vivendo, são suficientes para deixar de permanecer andando muito parados.
Enfim, reconhecer o erro é necessário, talvez para sentir o amargo e merecer o doce da realização.
Ao nos exortar a romper inércia da arrogância, Filipe Mendes nos convida a esvaziar a caneca antes cheia desse sentimento, preenchendo o vazio do erro com a virtude da reflexão, do autocontrole, até a conquista final do autoconhecimento.
Ivenio Hermes
Inflante
Minha caneca estava cheia
Quase transbordando
Me sentia angustiado
Quase transbordando
Me sentia endividado
Quase transbordando
Eu era enduvidado
Quase transbordando
Até que encontrei canecas
Canecas vazias, mas canecas
Comecei a preenchê-las com o que tinha
Mas o correr dessa rotina não me esvazia
Assim eu notei que eu nunca fui uma caneca
E sim, um balão inflando!
Só o nada falta
Estranhamente
Senti-me sozinho
Isso foi um exclusivo motivo
Para pensar no que havia sentido
Segundos cobriram as horas
As lâmpadas ofuscaram as cegas
Para com que de forma complexa
Eu apenas enxergasse uma mentira
Acabei conhecendo uma face
Da verdade, dita como realidade
Fez-me relembrar que não existe
E nunca existirá a tal ausência
Ninguém aqui está só
Todos voltarão ao pó
Pois não há solidão
Apenas a ilusão.
Correndo e vivendo
Para quem corre
Emociona-se
Para quem para
Apenas olha
Quem corre e não para
Nada mundano os impede
Quem não corre e para
Tudo mundano os enfraquece
Correr é uma arte
Arte é viver e isso poucos fazem
O que muitos sempre fizeram
Foram valorizar o que tinham
Apenas quando perderam
Dessa multidão paralisada
Poucos correram pós tal trauma
Pois o povo busca a margem
Ao invés da correnteza
Do rio, da natureza.
Insolência
Assuma seus erros
Aceite as criticas
Não fique fugindo
Não seja cego.
O teu sucesso é passageiro
Valorizar muito é um simples erro
Não sabemos o que acontecerá hoje
Muito menos se acordaremos amanhã.
Não se vanglorie com seus acertos
Você também erra, vamos tente assumir,
Que é de carne e osso, gente como todos.
Reconheça ao errar,
Analise, estude, veja
Fazer isso é uma virtude
E não uma bobagem, seu rude!
Não deixe de ser humilde e também de ser orgulhoso
Sustentando os dois, você não será muito dominante
Nem muito submisso a todos.
A arrogância está em negar
Quanto à modéstia em aceitar
Ambos em excessivo descontrole
Só te levam a percorrer um caminho
Que para muitos está errado
Mas para você, sempre esteve certo.
¹Filipe Mendes é aprendiz de filosofia e poeta contemporâneo que usa a rebeldia de seus tenros anos como mote poético para redescobrir a essência humana.