A fala de Benes Leocadio verbalizada ontem durante a visita da presidente Dilma em Natal foi sintomática. Não é possível dizer que o prefeito de Lajes e presidente da Federação dos Municípios do RN seja um fiel escudeiro da base aliada da PTista. No entanto, o seu pedido – seria mais adequado utilizar a palavra “clamor” – por médicos estrangeiros expressa, em certa medida, a pressão que ele deve sofrer em seu interior.
Chama atenção também a estratégia utilizada pelas entidades médicas de classe. Espalham uma notícia que se mostra mentirosa. Alegam que os profissionais de fora do Brasil não passarão pela revalidação nacional do diploma. Desde o dia 21 (veja aqui http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/arquivos/pdf/2013/Mai/23/ppt_provab2305_final.pdf) que há um documento oficial, demonstrando o formato da política. Nada passa pela ideia de isentar quem quer que seja de revalidar seu certificado universitário.
Além disso, sempre mencionam os médicos cubanos, como se o governo estivesse promovendo um golpe, um aparelhamento comunista no Brasil. Nada se diz sobre os Europeus (portugueses e espanhois), que também virão para aqui. Uma ideologização do debate com o objetivo claro de lançar nuvem de poeira sobre o assunto.
E a questão também não é de honorário, pois “por mais que se pague um bom salário, os médicos não virão para cá”, de acordo com o prefeito já citado.
O temor é que o médico estrangeiro resolva sair das cidades mais distantes e comece a atuar nos grandes centros populacionais, conforme disse, de um modo um tanto quanto envergonhado, um estudante da área em entrevista a um jornal local.
Falta um consenso solidário mínimo, como salienta o professor de sociologia Edmilson Lopes Jr, em comentário elucidativo no facebook.
Do facebook do Professor Edmilson Lopes Jr – UFRN
A discussão sobre a chamada “importação de médicos” é exemplar. Da falta de solidariedade que grassa na sociedade brasileira. Em defesa de um corporativismo egoísta e tacanho, ouvimos um besteirol ideológico inacreditável. Para algumas lideranças médicas tudo se passa como se a oposição fosse entre “assistência de qualidade e assistência de segunda”. Falácia pura! O debate, meus amigos, está entre NENHUMA ASSISTÊNCIA e ALGUMA ASSISTÊNCIA. Este o centro da discussão.