Publicado originalmente no No Minuto
Em 08 de maio, a revista CartaCapital publicou, como as demais revistas semanais, a discussão da vinda dos médicos estrangeiros para suprir uma carência que supera os 50 mil profissionais no país.
No texto do dia 08, o repórter Marcelo Pellegrini já dizia que o “ministro destacou que o governo já descartou a validação automática de diplomas e a contratação de médicos de países que tenham menos profissionais que o Brasil, como é o caso da Bolívia e do Paraguai”.
Encontramos também no site do Ministério da Saúde uma nota oficial sobre o assunto. A nota é do dia 21 de maio e nela o governo afirma peremptoriamente que:
Embora não exista definição sobre que modelo será adotado pelo Brasil, algumas possibilidades estão descartadas:
– A contratação de médicos de países cujo índice de profissionais é menor que o do Brasil;
– A validação automática de diplomas;
– Só serão atraídos profissionais formados em instituições de ensino autorizadas e reconhecidas por seus países de origem.
Ainda assim, hoje, 25 de maio, estudantes de medicina, mobilizados pelos Conselhos Federal e Regionais de Medicina, foram às ruas com panfletagem e protestos. Neles, informavam ao público que o governo pretende trazer médicos estrangeiros para atuar no país sem que os tais passem pelo exame de revalidação do diploma. Assim como a imprensa reforça esse discurso, ideologizando e politizando indevidamente, em nome do corporativismo médico, a questão.
No panfleto distribuído, os futuros médicos afirmam que o governo demonstra pouco cuidado com a saúde pública com a iniciativa.
Como assim, meus caros?
Há um déficit de mais de 50 mil médicos no país.
Os médicos, através das suas cooperativas, subjugam o SUS. Recusam-se a fazer concurso público. Não vão trabalhar nos confins do país, para onde vão ser levados os médicos estrangeiros, mesmo com salários de oito ou dez mil reais por mês.
E ainda assim, segundo os conselhos, é o governo quem põe em risco a saúde pública do país com a medida de trazer médicos estrangeiros.
Tuitei essa questão mais cedo. Em resposta, uma médica natalense informou que os médicos não fazem concurso porque são aprovados em um concurso e fazem contratos de gaveta com o poder público para reforço salarial. E tais contratos terminam sendo descumpridos.
Quando afirmei que tal prática é, na verdade, uma forma confessada de corrupção, ela disse que ia me bloquear.
E ainda assim, segundo os conselhos, é o governo quem põe em risco a saúde pública do país com a medida de trazer médicos estrangeiros.