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Polícia deveria tratar #RevoltadoBusão como tratou #CombustivelMaisBaratoJá e o Revalida Sim

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Ainda que discorde do fator desencadeante de alguns protestos, nunca criminalizarei nenhum deles. Uma sociedade civil vibrante só funciona com questionamento, com o povo na rua. É da natureza da democracia permitir que os mais variados grupos pressionem os governos. O que quero levantar é o tratamento seletivo com que a polícia e o mesmo governo pressionado tratam movimentos sociais.

O #CombustívelMaisBaratoJá, que lutava por gasolina mais barata, fechou postos, ruas e recebeu apoio da imprensa e nunca foi atacado pela polícia (o fato foi lembrado por um manifestante da #RevoltadoBusão).

O Revalida Sim, que tenta impedir que o governo federal traga médicos para atuar nos municípios, sobretudo do interior; fechou a Hermes da Fonseca hoje pela manhã. Conforme foto da tribuna do norte e sua matéria generosa, não há a operação de guerra que foi montada contra estudantes da #RevoltadoBusão.

Repito, para que não paire dúvida, a ação foi correta em relação ao #combustívelmaisbaratojá e o Revalida Sim. Mas deveria ter ocorrido o mesmo quando o protesto foi para pedir transporte público decente. Movimento social, qualquer que seja sua pauta de reivindicação, não merece ser tratado na base da borrachada.

Mas cabe uma provocação: que sociedade é essa, que reconhece mais (vide o texto bondoso do jornal veiculado abaixo) um movimento que luta para manter uma conservadora reserva de mercado e altos salários – às custas dos cidadãos do interior que vivem sem médicos -, do que um movimento social crítico de um esgotado e ultrapassado transporte público cerceador do direito de ir e vir?!

PS. Os estudantes alegam que médicos cubanos vão ter seus diplomas revalidados automaticamente. Conforme documento emitido pelo governo federal, um grande blefe para justificar a conservação da reserva de mercado.

Primeiro e antes de tudo, a maioria dos médicos não virá de Cuba, mas da Espanha e de Portugal. E mesmo que viesse, olhem para Cuba e comparem com o nosso sistema de saúde. Mas usam Cuba como exemplo para fazer saltar uma suposta (paranóica) revolução comunista no Brasil.

Segundo, o mesmo documento afirma que não haverá revalidação automática.

Terceiro, aponta a razão para chamar os profissionais de fora do Brasil. Temos quase metade do número necessário de médicos, para resolver problema da saúde. O RN tem menos da metade.

Quarto, novas faculdades foram criadas, mas reposição ainda não será suficiente.

E, para finalizar, demonstra que, enquanto a Inglaterra tem 37% dos médicos vindos de fora, o Brasil só tem 1,7% dos seus médicos advindos de países estrangeiros.

Veja o documento do ministério da saúde e tire suas próprias conclusões. Eu já tirei as minhas. Não apoio as razões do protesto dos médicos, mas, como diria o filósofo, morrerei defendendo o direito de se manifestar: http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/arquivos/pdf/2013/Mai/23/ppt_provab2305_final.pdf

 

Da Tribuna do Norte

Protesto critica importação de médicos sugerida pelo governo

 

Centenas de estudantes de Medicina de faculdades públicas e privadas, além de profissionais da área da saúde, foram às ruas na manhã de hoje (25) em protesto contra a importação de médicos de países estrangeiros sem a realização do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Ensino Superior Estrangeiras, chamado de Revalida.

Sara Vasconcelos/celularEstudantes e profissionais protestaram durante a manhã de hoje (25) na avenida Hermes da Fonseca
Estudantes e profissionais protestaram durante a manhã de hoje (25) na avenida Hermes da Fonseca

Os manifestantes se concentraram na Associação Médica do Rio Grande do Norte (AMRN), na Hermes da Fonseca, e seguiram em direção ao cruzamento do Midway, onde fizeram parada no Hospital Walfredo Gurgel, e retornaram à AMRN. A manifestação denominada “Revalida SIM!” é nacional, surgiu das redes sociais e ocorre em pelo menos treze estados brasileiros.

Essa medida de importação de médicos foi anunciada no início deste mês e gerou críticas aos ministérios da Saúde, da Educação e das Relações Exteriores. A justificativa dada pelo governo é tentar sanar o déficit de médicos na rede pública, principalmente nos hospitais do interior.

Segundo a presidente do Sindicato dos Médicos do RN (Sinmed/RN), Mônica Andrade, “não há falta de médicos, o problema é a falta de condições de trabalho e de plano de carreira”. Ela lembra também que o movimento não é contra os médicos estrangeiros, mas contrário à não realização do Revalida.

O protesto não afetou o trânsito porque manifestantes não ocuparam mais que duas faixas da avenida Hermes da Fonseca e o fluxo de veículos seguiu normalmente.