Somos vândalos, apesar de não sermos nós os que saqueiam a cidade e o bolso dos seus moradores.
Somos vândalos, apesar de não sermos nós os que olham bravos e exasperados com ódio no rosto.
Somos vândalos, apesar de não sermos nós os que batem, agridem e ameaçam.
Somos vândalos, apesar de não sermos nós os que portam armas, cassetetes e escudos.
Somos vândalos, apesar de não sermos nós os que se aprontam pra guerra.
Somos vândalos, apesar de não sermos nós os que encurralam com armadilhas.
Somos vândalos, apesar de não sermos nós os que promovem desordens sangrentas
Somos vândalos, apesar de não sermos nós os que conscientemente cometem arbitrariedades
Somos vândalos, apesar de não sermos nós os que tramam e agem sorrateiramente.
Somos vândalos, apesar de não sermos nós os feitores de acordos e planilhas obscuras.
Mas, se não somos nós que fazemos todas essas barbaridades, por que diabos insistem em nos chamar de vândalos?
Porque nos recusamos a aceitar a submissão fria que nos pedem.
Porque nos levantamos contra aqueles que gritam “nenhuma voz além da dos que mandam!”
Porque nos recusamos a apregoar que as coisas continuarão a ser como são!
Porque não nos emudecemos face à manipulação interessada e à ganância disfarçada de “técnica”.
Porque acreditamos que há, sim, razões para se indignar,
Porque a injustiça ainda nos inquieta
Porque atravessamos às ruas para pôr o povo no centro dos acontecimentos
Somos vândalos, enfim, porque lutamos para que o inconformismo não desapareça…