Venho tocando na tecla de que os empresários são agentes legítimos, que defendem, como qualquer grupo constituído, seus pontos de vista. Enfatizo também que nada ajuda a sociedade civil organizada fechar os canais de discussão com o chamado empreendedor local (veja o meu texto “Sobre esquerdas, plano diretor e empresários”: http://bitly.com/15rgyFK ).
É possível, sem sectarismos, dialogar com os mais variados setores representativos, sempre elencando determinados princípios como inegociáveis – a supremacia do interesse público sobre o privado, por exemplo.
Há, nesse sentido, uma discussão sobre o que fazer com o espaço, que tem o Governo do Estado como proprietário, que hoje abriga o antigo estádio Juvenal Lamartine. O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio Grande do Norte (Sinduscon-RN) produziu um projeto propositivo para a área.
Não vale a pena, pelo menos por enquanto, emitir posicionamento axiológico. Publico a intenção para abertura de discussão.
Do Sinduscon-RN
Almejando enriquecer o debate e apresentar umnovo olhar sobre uma questão que tem dividido opiniões, o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-RN), contratou junto a ArcTec (Arquitetura e Consultoria), um estudo arquitetônico para a área onde está instalado o estádio de futebol Juvenal Lamartine, no Tirol.
A proposta do Sinduscon/RN tenta unir o anseio de todos, pois contempla aqueles que desejam um parque e aqueles que lutam por preservar nossa história. Mais que isso: o projeto é socialmente justo, pois o valor arrecadado com o leilão de venda de um bem público, encravado em espaço nobre da cidade, poderá ser usado para financiar, numa área mais carente, por exemplo, um hospital ou uma UPA, etc. O estudo sugere a construção de um espaço integrado, com parque arborizado, quadras de multiuso no âmbito dos esportes de salão, estacionamento, torres comerciais, além de um espaço cultural com cinemas, biblioteca, cafés, livraria, teatro, restaurantes e uma sede para a Federação Norte-Riograndense de Futebol, com um espaço para instalarmos nosso museu do referido esporte.O projeto, de domínio público, portanto aberto à discussão e a ser modificado e melhorado, foi concebido para uma Natal do futuro. Por isso um dos seus principais pontos é um estacio namento rotativo subterrâneo com mais de 800 vagas – abaixo das duas torres comerciais e do parque.
O Parque Cultural Juvenal Lamartine seria aberto ao público, com uma pista para caminhadas e corridas, lanchonetes, lago artificial, passeio público, academias para a terceira idade, playgrounds, pista de skate, duas quadras poliesportivas e uma quadra de tênis. A manutenção deste parque será feita através da SPE (Sociedade de Propósito Especifico), que seria criada para gerir o condomínio das salas comerciais e explorar o estacionamento.
A parte cultural do projeto, com salas de teatro, cinema, biblioteca, livraria, restaurante e um Museu do Futebol ficaria situada nos quatro primeiros pavimentos que compõe o pilotis do empreendimento onde, a partir deles, nascem as duas torres de salas comerciais que teriam, segundo nossa visão, uso exclusivamente destinado à área médica como clínicas e consultórios.
Pela proposta do Sinduscon-RN, o vencedor da disputa pela compra da área, teria que construir o que prevê o projeto. Pensamos que um particular, ao vender um terreno, não precisa se preocupar com a destinação de uso que o comprador fará. Tal pensamento não se aplica, de forma abstrata, ao Estado, que tem por obrigação beneficiar o maior número de pessoas ao se desfazer de um bem que é de todos. O dinheiro advindo do leilão da venda do local, poderá construir algum equipamento de interesse social em uma área carente da cidade, fazendo o Parque Cultural Juvenal Lamartine servir a mais pessoas que aos moradores do entorno e estes, por sua vez, ganharão um parque público com regras de manutenção rígidas porém, mantido com recursos privados. Além de um centro de lazer cultural às portas de suas casas.
