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RIO GRANDE DE MORTE, sem sorte e sem norte

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Por Marcos Dionisio

Presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos

 

images (1)Não assisti aos programas jornalísticos da hora do almoço. Mas a Tv estava ligada e isso deixou o chão da sala avermelhado.
Os números ainda podem mudar , pois há casos em que o ITEP não informou o local da ocorrência ou onde os corpos foram recolhidos.
Natal já vai contabilizando , pelo menos, 168 homicídios nos primeiros 4 meses do ano. Macaíba , com 33, ultrapassou no ano, Parnamirim (27), CMirim (20) e SGAmarante (17)Extremoz e SJMipibú com 6. Nísia Floresta com 7 completa o estrago na Região Metropolitana.Santa Cruz e Areia Branca (7), Antonio Martins e Patú(6) também vão crescendo no tétrico mapa dos homicídios no RN.
Mossoró já vai com 58 ou 59 mortes violentas matadas. Já ocorreram homicídios em, pelo menos, 66 municípios potiguares. Casos emblemáticos como os 4 de Poço Branco.Mas também em Lajes, Canguaretama , Nova Cruz, Baraúna, Taipú com 3. Açú com 4, mostram a violência interiorizando-se e ganhando para o estado por WxO.
Há poucos dias, o Governo do RN fez uma reunião estranha , quase clandestina, com parte da nossa bancada federal, autoridades e o Ministro da Justiça que aqui veio mesmo jantar. Na pauta o tal Brasil Seguro que salvaria o RN da atual Guerra Civil. A tal reunião ensejou fotos que foram dependuradas nas edições de blogs e jornais do final de semana em que se homenageou Henrique Alves por aqui.
Estava tudo certo para nossa salvação e de repente, alguém avisou a Governadora que se ocorresse da violência ser reduzida, os méritos iriam para o Governo Federal e puseram uma pedra de chumbo no tal Brasil Seguro. Ficamos mesmo com o RN Inseguro.
Ninguém fala mais no assunto.
A Guerra chegando pela TV e pessoas desesperadas apelando para grupo de extermínio, pena de morte e redução da maioridade. Como se isso já não vogasse para os humilhados e ofendidos da periferia do Brasil e aqui em Natal, com toda força.
As dificuldades servem para colocar desafios para pessoas e instituições. O fato da violência está saindo de qualquer controle, associado a desaprovação judicial da gambiarra da Força Tarefa , oportunizam à Governadora, uma chance histórica para a partir da generosa e competente equipe de Policiais Civis lotados na DEHOM criar a prometida e nunca edificada Divisão de Homicídios. Não faça política partidária com segurança pois é o atalho mais fácil para o fracasso.Ao criar a Divisão de Homicídios respeite o mérito dos profissionais vocacionados. Faça isso e equacione minimamente nossa saúde e a senhora poderá dormir em paz e participar de eventos sem receio de vaias naturais.
Talvez essa seja a última chance do Governo do RN reaprumar-se minimamente e será difícil. Mas não custa tentar: 1. poderia convocar os Policiais Civis já formados e ávidos por tentar ajudar ao RN a superar a violência atual; 2. convocar o restante dos PMs aprovados para cursar a Academia de Polícia aprofundando o estudo dos Direitos Humanos e comunitarização de polícia; 3. Convocar concurso para o Itep e dotá-lo de uma sede dígna e estruturada; 4. convocar urgentemente concurso para o Corpo de Bombeiros. Será uma temeridade sediar uma Copa do Mundo com menos de 700 bombeiros; 5 crie o Conselho Estadual de Segurança Pública e passe a dialogar com a sociedade sobre o tema que mais lhe aflige. Acredite, depois de dialogar uma vez é capaz até do governo levar gosto e fazer alguma coisa pelo RN.
Não fazendo isso, ao menos, o governo arquejará até ao seu final e que não caia na tentação de ordenar que a Polícia desça a pancada na população da periferia não, pois, de alguma forma, ela já faz isso desde 1500 e não conseguirá nada mais nada menos do que aumentar a violência e a sensação de insegurança em todo o estado.
Os números acima não podem ser creditados só ao crack e nem a Fernando Beira-Mar. Precisam ser estudados e equacionados através de investigação e produção de provas que condenem os exterminadores do futuro. A situação é preocupante e só há saída através do diálogo, credibilidade, humildade e distribuição de direitos humanos para a população. Convenhamos que esses artigos são carentes atualmente no RN.