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Para o Futebol Não Continuar Sendo Goleado pela Violência

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torcidasPor Marcos Dionisio Medeiros Caldas

Evidente que a traição da entrega do Machadão, pela então prefeita, ao Governo do Estado do RN, que o deitou ao chão, foi um duro golpe no futebol potiguar.

A Copa do Mundo para o nosso futebol já disse a que veio. De legado para o conjunto da população, só dívida.

Mas ao menos uma coisa deveria ser eleita como meta para ser tratada como prioridade: Transformar os jogos, sobretudo, os clássicos, em locais de congraçamento entre amigos. Torcedores de times adversários, porém amigos.

O espetáculo que se repete a cada evento é triste, deprimente, caro e ainda depõe contra o ser humano. Não dá para resolver todos os nossos problemas em geral no curto prazo, nem os da segurança pública em particular. Contudo, resolver a violência protagonizada pelas torcidas, que se dizem organizadas, é possível e todos ganhariam com isso, até os maus torcedores.

Ocorre algo semelhante ao que acontece com as intervenções do Estado no período de seca. Intervenções pontuais e reativas. Da mesma forma como há uma Indústria da Seca a se locupletar com a miséria do nosso homem do campo, há também uma Indústria da Violência se valendo desses conflitos para girar a economia e a política em prejuízo das famílias, comunidades, empresas e, principalmente. o futebol potiguar.

briga1A impressão que se passa é que as torcidas violentas estão ganhando por WO, com o outro time formado por policiais, verdadeiros torcedores e a sociedade em geral presentes ao estádio, mas como um “jogador armandinho” só rolando a bola de um lado ao outro sem ousar fazer o gol da cidadania.

Torcedores presos com a violência campeando no entorno do estado e se difundindo por nossas principais artérias de imobilidade até comunidades mais humildes.

Não há um trabalho de inteligência a identificar esses torcedores?

Não há ações preventivas a serem feitas?

Não há circuito de filmagens que possam emprestar provas à justiça para o devido processo legal contra torcedores?

Foi feito, inclusive, uma lei especial para Copa que deve proibir até a venda de Alfenim, Água de Coco, Churrasco de Gato e Cavaco Chinês no entorno dos estádios… E quanto ao desbaratamento dos torcedores criminosos? Nada será feito? Estão aguardando que a FIFA exija esse saneamento?

AméricaA FIFA nada irá pedir porque não acha que seus formidáveis lucros estão correndo risco. Ledo engano. Num país que convive com mais de 53.800 mil homicídios (previsão para o ano de 2012), não é a Copa do Mundo que está em risco, é a própria democracia brasileira que pode perecer.

Há aventureiros loucos para que açambarquem o discurso de salvadores da pátria. Há desesperados de todos os tipos aguardando a convite para adesão à barbárie.

Voltei a frequentar estádios também até para poder arengar com os amigos nas Redes Sociais e estou assustado com o risco que as pessoas correm para participar do que já foi a maior paixão nacional. Para alguns, apesar de tudo, ainda o é.

E é aí onde reside o perigo!

Há um quantitativo de pessoas de idade que continuam a ir aos estádios. Comovente e ao mesmo tempo assustador, ver pessoas com dificuldades de locomoção pela idade longeva sendo conduzido por netos e filhos ao que deveria ser um templo de alegria e divertimento. Um pequeno conflito e a vida dessas pessoas estão em risco.

E não estou nem falando de tiros. Há cadeirantes e deficientes visuais que “assistem ao jogo” em emocionantes exemplos de superação e de amor por um time de futebol.

Ontem mesmo, conversei com um jovem, torcedor do América que acompanha o seu avô abecedista ao estádio. Um fato assim rico em cuidado e apego ao respeito à diversidade tão necessário, pode ser interrompido para sempre.

ABCAinda ontem também, o carro em que iam ao Frasqueirão foi abordado num sinal por uma turba ensandecida de torcedores do ABC. O que salvou os dois foi a camisa do avô e o fato do neto ter resolvido, como eu, ter ido à paisana para o clássico-rei porque não temos o pé do ouvido de borracha.

Ministério Público, Justiça, Polícias, Clubes e a Sociedade em geral devem chamar a responsabilidade para si e resolver essa mazela que vai matar o nosso futebol, e que aterroriza um sem número de pais e avós que ficam rezando, esperando seus filhos e netos voltarem de uma guerra imbecil.

Os clubes precisam mudar urgentemente suas relações com as organizadas e impor limites e sanções e, em hipótese alguma, distribuir ingressos. Em outros estados isso ocorre. Aqui, se acontecer, tem que acabar sob a pena do assunto ficar mais complexo do que já é, e pessoas, aparentemente, adversárias da violência sejam identificadas como sendo cúmplices da morte anunciada.

O caro e imenso quantitativo de policiais utilizados não poderia estar promovendo uma melhor cobertura às comunidades?

Quando falo que estamos perdendo por WO não estou a dizer que nada está sendo feito. Mas o que está sendo feito está sendo insuficiente e passa a impressão de que as instituições estão enxugando gelo, mesmo se utilizando de um formidável plantel de profissionais e até de helicóptero.

Menos do mais do mesmo, é preciso, é possível!