Do DCE-UFRN
Por Ramon Alves
(Gestão de Políticas Públicas-UFRN)
Começou nesta semana, organizado pelos Centros Acadêmicos de Letras, Gestão de Políticas Públicas, Comunicação Social, Filosofia, Psicologia e Geografia, a campanha de boicote à cantina do Setor II, que consiste, além da realização do próprio boicote, em mobilização pelas redes sociais, distribuição de panfletos e adesivos e venda de lanches a preço de custo. Por si só, pelo que simboliza enquanto capacidade de iniciativa e organização, e por pautar um tema que é do interesse geral dos estudantes, essa campanha carrega um mérito extraordinário.
Não é um fato recorrente na universidade que tantos Centros Acadêmicos se unam para debater um tema de interesse comum, que se organizem e dediquem seu tempo para tanto. Não é, também, um movimento de iluminados levando a verdade para o conjunto da universidade, mas de representantes estudantis sensibilizados com uma sucessão de reclamações e questionamentos quanto ao tratamento da responsável pela cantina, ao preço e aos produtos oferecidos por ela. É desnecessária alguma habilidade especial para compreender a rejeição que a lanchonete possui entre os estudantes.
Não é, sobretudo, opiniões individuais que, isoladamente, legitimam ou deslegitimam a luta. Alguns dirão “ela me trata super bem”, mas há outros que não dizem isso, dizem o contrário. O respeito ao estudante não pode ser resultado de um sorteio ou de clima momentâneo, deve ser a regra.
Há os que criticam o movimento por ele tratar de uma questão tão específica quanto a cantina, como se nós devêssemos apenas debater e reivindicar questões como a crise financeira global, a qualidade dos empregos no Brasil e a expansão da universidade, ignorando a dialética presente entre as questões micro e as macro.
Está presente também, em uma rara crítica ao movimento, a ideia da “esquerda medíocre”, dos “fins meramente pessoais e partidários”, expressões que só podem ser desenvolvidas por quem não viu o movimento surgir, desde as redes sociais até o momento em que os CA’s tomaram posição e definiram ações para encarar o problema. Há também uma defesa vazia do trabalho pelo trabalho, mesmo sendo ele precário e mesmo sendo a trabalhadora submetida a uma grau de relação trabalhista que afronta a sua condição humana.
O centro da luta política é a redução dos custos da cantina, por meio da revisão do contrato de utilização do espaço onde essa funciona, como também que se ofereça uma diversidade de lanches, garantindo opções saudáveis e com menor preço. Auxilia e reforça o movimento a questão do tratamento às pessoas, resolução que não se baliza pela opinião individual isolada, mas por várias opiniões que corroboram nessa linha. Por outro lado, buscaremos que estudantes, cantina e Pró-Reitoria de Administração possam sentar-se à mesa e construir uma saída para essa insatisfação.
Os Centros Acadêmicos estão de parabéns e o reflexo disso é a participação dos estudantes, a forte adesão ao movimento e a busca de colegas de outros setores para que o movimento #BoicoteACantina possa questionar o funcionamento das suas lanchonetes. É nesse clima positivo que nesta sexta fecharemos uma semana de muitas vitórias e com o setor II elevando seu capital social, orgulhando pela sua energia e vitalidade.