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Sobre a intolerância contra Marcos Feliciano e evangélicos na política

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Começa a não “descer redondo” uma certa intolerância às avessas direcionada contra o deputado federal Marcos Feliciano, o pastor de inegável visão homofóbica, preconceituosa em diversos aspectos e que conseguiu chegar a presidência da comissão de direitos humanos e minorias.

Ora, suas falas devem ser repudiadas, criticadas – eu mesmo fiz isso no meu “Face”, como meus alunos dizem por aí. Vale procurar a análise articulada pelo filósofo Renato Janine Ribeiro sobre o assunto, na sua coluna semanal no jornal “O Valor Econômico” -, mas me parece que estão fabricando frases que não foram ditas por ele, numa típica estratégia de campanha negativa, bastante comum em disputas políticas.

A intolerância não termina por aí. Se você abrir sua rede social e observar a “timeline”, não demorará a ler os “bem intencionados” (Weber e Nietzsche morriam de medo dos apóstolos do bem), utilizando expressões do tipo: “evangélico imundo”, “ladrão”, “morra”, etc.

Ora, é assim que se combate preconceito? Fundamentalismo se derrota com fundamentalismo? Com maniqueísmo?

Há, além disso, uma certa confusão de cunho não democrático por trás disso tudo. É legítimo criticar as visões religiosas do Pastor e o modo como o PSC, seu partido, atua nas comissões. Porém, é ilegítimo tentar suprimir o direito de evangélicos participarem da política, até porque eles não são um grupo monolítico, não se resumem a fala de um pastor, que representa um segmento, uma igreja.

Numa democracia, é legal não esquecer, qualquer pessoa pode e deve se envolver. Não apenas aqueles que a gente pensa ser o “superior”, o “portador da verdade”.

Essa história de excelência moral, quer seja pelo ângulo dos evangélicos, quer seja pelo âmbito de seus críticos, só leva a total ausência de reflexividade e o consequente enquadramento simplificador (pejorativo) do oponente com quem a gente estabelece uma disputa de ideias.

Quando o “bem” começa a disputar com o “mal” é bom não seguir nenhum dos lados e desconfiar dos portadores das boas novas, que ambos acreditam carregar.

EM CÉU DE BRIGADEIRO

O pastor Marcos Feliciano, que não é bobo, já aproveita a intolerância gerada contra ele, para se legitimar perante os seus.

Já conseguiu montar, inclusive, um grupo de líderes religiosos, para se contrapor a “perseguição” (a mesma sofrida por cristo, insinuou ele) da qual alega ser vítima.

Suspeito que ele vai sair fortalecido politicamente do ocorrido.