A eleição presidencial se aproxima e com ela também as já tradicionais análises não embasadas, que costumam tomar desejo por realidade. A mais recente é a que diz: “se a economia não crescer, Dilma não se reelege” (lembrando um certo determinismo econômico de outrora).
A economia é importante. Porém, não pode ser encarada como o único fator, como a explicação por excelência (a própria noção de “economia” precisa ser mais multifacetada). Na verdade, é imprescindível compreender às condições de vida das pessoas, isto é, tentar entender uma sensação que envolve outros fatores e não só a porcentagem do Produto Interno Bruto.
Por exemplo: o crescimento do PIB foi bem aquém do sonhado em 2012. No entanto, a situação de pleno emprego que o Brasil vivencia, possivelmente, pode criar o sentimento de que “tudo vai bem”. Tanto é que Dilma Roussef segue bem avaliada. Outros arranjos também permitem pensar na relativização do clichê que surgiu com a segunda vitória do presidente Bill Clinton.
Além disso, o (falso) raciocínio tem, em alguns casos, uma intenção clara de fundo: criar uma cama de espinhos para a presidente, ou seja, aquecer um discurso potencial de oposição. Com mais um “pibinho” em 2013, algo que não pode ser descartado, seria decretada a incompetência da PTista, abrindo espaço para Eduardo Campos e outros candidatos justificarem suas intenções de participação no pleito. É o interesse que atravessa a visão prescritiva da realidade.
Lógico que um forte crescimento torna uma reeleição mais fácil, a caminhada menos tortuosa. Mas não é (só) isso que importa. Dilma Roussef será competitiva num contexto de bonança ou não. Alguns dirão que a afirmação é óbvia. Mas a obviedade, às vezes, é fundamental.