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As aventuras de Pi, o plagiador.

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Poster do filme "As aventuras de PI". Divulgação.
Poster do filme “As aventuras de PI”. Divulgação.

O sucesso do belo filme de Ang Lee, adaptação da obra do canadense Yann Martel, indicada ao Oscar de melhor filme de 2012 trouxe de volta uma velha polêmica. “A vida de Pi”, livro lançado no começo da década passada, que ganhou vários prêmios e é um dos romances mais prestigiados dos últimos tempos se trata de um inegável plágio.

A polêmica começou quando o livro do canadense ganhou o Booker Prize na inglaterra, ao perceberem semelhanças muito grandes com um livro de um escritor brasileiro. “A vida de Pi” e “Max e os felinos” de Moacyr Scliar possuíam características bem parecidas. No livro de Martel, um garoto indiano que viajava para o Canadá, após um naufrágio, acaba em um bote com um tigre de Bengala. No livro de Moacyr, após um naufrágio, um rapaz alemão que vinha para o Brasil, fugindo do Nazismo, acaba em um bote com um jaguar. A obra lançada em 1980 ganhou uma tradução para o inglês dez anos depois com o titulo de “Max and the cats”.

Capa do Livro "Max e os felinos" de Moacyr Scliar.
Capa do Livro “Max e os felinos” de Moacyr Scliar.

Segunda a definição, plágio é assinar ou apresentar um obra de natureza intelectual que contenha partes de uma obra alheia, sem lhe dar o devido crédito. E foi exatamente isso que aconteceu. Após ser desvendado o plágio, o escritor canadense assumiu que havia se inspirado em uma resenha que John Updike escreveu sobre “Max e os felinos”, que nunca havia lido o livro. Mentira que logo foi descoberta, já que Updike declarou nunca haver resenhado a obra.

No meu ponto de vista, o comportamento de Martel revela muito sobre seu caráter. Mesmo acuado não quis dar o braço a torcer, mentiu e ainda tratou a obra de Scliar como algo menor. Embora sejam duas obras que tratem de assuntos diferentes, já que uma fala sobre espiritualidade e outra sobre política, é impossível deixar de perceber que o eixo da história de Martel recai por cima de uma apropriação da obra de Scliar. O brasileiro preferiu não entrar em uma briga judicial, com receio de um desgaste que acabaria dando em nada.