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Um Prêmio de Direitos Humanos Para ESPN Brasil e Lúcio de Castro

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Além do coLúcio de Castro 01njunto da obra, pelas Memórias do Chumbo: O Futebol nos Tempos do Condor.

 

Por Marcos Dionisio Medeiros Caldas (*)

Não sei quem ganhará o prêmio OSCAR de melhor filme em 2013. Já o Prêmio Vladimir Herzog 2013, em minha opinião, já teria dono: LÚCIO DE CASTRO e o surpreendente Jornalismo da ESPN – Brasil com o cálido, doce, emocionante, poético e contundente Memórias do Chumbo–O Futebol nos Tempos do Condor.

Deixa nuas as ditaduras do Cone Sul, nos trás a violência cometida em meio e através do Futebol contra o povo em geral e aos jogadores, familiares e seus amigos.

Resgata personagens heroicos quase esquecidos como Carlos Caszely e Leonardo “Polo” Véliz, da seleção chilena que se recusaram a cumprimentar Pinochet em 74, ao embarcarem para a Copa da Alemanha e deixa com cara de papangú “Dom Elias Figueroa”, querendo explicar a “manipulação” do seu “sincero” SIM de apoio a Pinochet.

Clareia a manipulação de ligas e clubes até a seleção no Uruguai. E faz a ponte do futebol brasileiro e o sequestro de Universindo Díaz e
Lilian Celiberti, só esclarecido porque Luis Cláudio Cunha, que fora alertado para o caso por telefonema anônimo, consultou o fotógrafo J.B Scalco que reconhecera Didi Pedalada, ex-jogador do Grêmio dentre os sequestradores dos militantes uruguaios.

Lúcio de Castro 02Evidencia a trajetória de João Saldanha, Afonsinho e do ganancioso João Havelange, sempre acompanhado de milicos, até quando eles o convocavam para que ele explicasse uma das suas falcatruas. Ao invés de Advogado, levava consigo um general.

João Havelange, vocês sabem, foi sogro de Ricardo Teixeira que é amicíssimo de Henrique Alves que, depois de ter “salvado” o Walfredo Gurgel quer “salvar os clubes potiguares”, mas só pensa mesmo em salvar sua candidatura à presidência da Câmara, construída, inexplicavelmente (ou totalmente explicável) a partir de um acordo pernicioso entre quase todas as legendas do Congresso, dentre elas o PT e o PCdoB, coisa de deixar Severino Cavalcanti extasiado mesmo.

Há uma passagem impagável no documentário, onde Eduardo Galeano circunstancia a prática do cartola Havelange entre o colaboracionismo com a repressão e suas falcatruas, como se ele fosse o Asno de Buridan.

Gostaria de escrever mais sobre a série, mas aí é antecipar-se às vossas assistências que podem ser feitas durante esta semana na ESPN
Brasil, no sítio Internet da ESPN ou ainda, no Blog de Lúcio de Castro.

Cartaz VHDa minha parte, escreverei aos muitos organizadores do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos (dentre os quais ABI, OAB e a PUC-SP) e do Prêmio de Direitos Humanos da Presidência da República, sugerindo a premiação de Lúcio de Castro e da ESPN, bem como sugerindo que a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, através da ministra Maria do Rosário, encete os esforços necessários para que a série seja exibida na Oitava Mostra de Cinema e Direitos Humanos na América do Sul a ser realizada no final do segundo semestre de 2013 em todas as capitais do país. O Futebol tão manipulado e em mãos tão sujas, pode ser um tema utilizado para educar para a Paz como o demonstra Memórias do Chumbo–O Futebol nos Tempos do Condor.

Na reunião de Fevereiro do Conselho Estadual de Direitos Humanos-RN, irei propor um encaminhamento coletivo para o pleito. O que farei também junto aos amigos/amigas do Comitê Popular da Copa Natal 2014.

Porque num tempo em que até o câncer é esgrimido pela velha direita como aliado na luta contra o poder popular no Cone Sul e adjacências, Memórias do Chumbo–O Futebol nos Tempos do Condor, do Diretor Lúcio de Castro, cumpre para mim, papel histórico tão relevante quanto os magistrais e ousados filmes que o Diretor Chileno, Miguel Littin, fez “exilado, clandestino” e disfarçado no Chile para mostrar ao mundo as trevas prevalecentes durante anos no Chile de Pinochet e a pedido da sua filhinha, colocar um rabo de papel em Pinochet, o que ele fez com filmes, filmando mesmo a poucos metros do ditador em façanha inteligente e ardilosa que só encontra paralelo em outro filme episódico latino-americano: Conexão Orion.

Na transformação que sofreu para cumprir sua “tarefa”, a Littin era proibido dar sua risada característica, pois ela significaria sua morte.

A série, já falei onde vocês podem encontrar. Passeando nos sebos da vida procurem a reportagem de Gabriel Garcia Marquez: A aventura de Miguel Littin, clandestino no Chile.

Assistam a série, nem só de Big Brother vive a TV no Brasil. A máquina de fazer burros e consumistas também pode levar a pensar e a transformar a realidade.

(*) Presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos (RN) e da Coordenação do Comitê Popular Copa 2014 – Natal.