Por Dinarte Assunção
Às vésperas da mesa diretora do Congresso Nacional ser definida, denúncias abundam contra Henrique Alves, favorito para ser o presidente da Câmara dos Deputados. Os jornais revelam um peemedebista encalacrado com questões pouco republicanas e desnudam a roupa da rei com fatos que ignorados pela imprensa daqui.
O que isso nos diz sobre Henrique Alves?
Começando por Veja, sabe-se que o líder do PMDB na Câmara usa empresas de fachada para aluguel de veículos. Instado a manifestar, deu três explicações antagônicas. Primeiro disse que usava carro próprio; depois reconheceu o aluguel para, por fim, sair-se com essa ao dizer que um assessor fosse procurado para dar explicações: “Você acha que eu cuido disso?”.
A Folha de S. Paulo destacou hoje que Alves usa emendas parlamentares para abastecer empreiteira do próprio assessor. Por meio da assessoria, negou a irregularidade e disse que só acompanha o processo político na indicação das emendas. E mais uma vez pediu para a reportagem procurar o assessor em questão.
O Estado de S. Paulo narra que Alves conseguiu manobrar contra ação que apura US$ 15 milhões atribuídos ao deputado em paraísos fiscais. Alves preferiu não se pronunciar nesse caso alegando que o processo corre sob segredo de Justiça.
Uau!
Vivêssemos em um país sério, esses elementos contra Alves jamais estariam postos. E se indícios houvesse contra o deputado, ele mesmo trataria de mandar apurar. Quem não tem o que dever, temores não terá.
Uma das grandes lideranças que o PMDB produziu foi a do deputado Ulysses Guimarães. Você podia não concordar com ele, mas era imprescindível ouvir o que ele tinha a dizer. Ulysses agregava pelo senso natural de líder, o que falta a Alves. Basta bem observar as dissidências dentro do próprio partido que ele deveria unir.
Disse Ulysses certa vez: “A saliva é o combustível dos políticos e, graças a Deus, não está em falta no mercado”.
No contraponto do denuncismo, a saliva de Alves nos dá mais uma lição. Ele tem defendido em sua campanha à presidência um orçamento impositivo e mais transparência e moralidade para a Casa.
Se não começa por si mesmo apenas reforça a imagem que temos da Congresso, uma instituição falida na qual a relação espúria do toma-lá-dá-cá é a que prevalece.
Henrique poderia fazer o oposto. Mas está empenhado no continuísmo que há muito não toleramos mais.
É o melhor para a Câmara dos Deputados, dentro do contexto que está posto: no continuísmo da imoralidade, Alves indica que não há ninguém que possa representar isso tão bem quanto ele.