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Assassinatos, Política & Cia.

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Crimes Sob Desconfiança

Por Beth Michel (*)

Em um artigo recente que foi publicado na Carta utilizei o termo “latrocínio político” (#) para definir uma modalidade de crime indireto praticado por gestores públicos. No sentido mais amplo da expressão criada por um dileto amigo (médico e vereador) trata-se de uma combinação do crime de peculato com as consequências fatais dele advindas. Ou seja, as verbas surrupiadas provocam “mortes”, tanto as mortes físicas (falta de segurança, falta de saúde, falta de saneamento…) como as mortes morais (falta de educação, falta de empregos, falta de cidadania…) – resumindo: é uma “fartura” só! Portanto, não seria de admirar que existam milhões de brasileiros vitimados por estes “assassinos oficiais”, e que têm excelentes motivos para desejar – ou até botar em prática uma “pena capital” contra seus algozes. E vamos convir que mesmo que uma retaliação desta ordem não se justifique (aos olhos de LEI), é totalmente compreensível!

Partindo deste raciocínio, comecei a ruminar sobre as “mortes violentas”, que através da nossa (tupiniquim) e de outras histórias vitimaram lideres políticos e que até hoje permanecem sem solução, e nas possíveis motivações (e autorias) que trariam à luz tais incógnitas. Acontece que eu não consigo resistir a um “mistério criminal” – não será por nada que meu editor e amigo Ivenio Hermes me apelidou de “Miss Marple”. É mais forte do que eu, e é até mais forte até que nosso ancestral instinto de sobrevivência – eu simplesmente TENHO que averiguar. E tudo ia muito bem enquanto o universo dos investigados (vítimas e autores) se resumia a uma dezena de pessoas no máximo. Era só uma questão de: observar e me perguntar quem obteria vantagens, ou teria motivos para mandar o falecido inconveniente para a “cidade dos pés juntos”. E isto – em uma cidade pequena como Cabo Frio (mesmo com todos os marginais importados em decorrência das UPPs do governador) é mais fácil do que fazer pipoca em micro-ondas.

Mas, quando passei a me “interessar” por desvendar crimes políticos (ou contra políticos), bem… Aí, danou-se! Explico! E usando alguns exemplos bem “rastaqueras”: ainda tem um monte de gente que jura sobre o Torá que Hitler morreu de morte matada. Assim como tem um monte de gente que garante que Getúlio Vargas foi “suicidado”. E muitos que também fazem conjecturas sobre os “acidentes” que vitimaram: Castelo Branco, JK e Ulisses Guimarães, e até existem alguns que acham muito “incomum” a causa “mortis” que figura no atestado de óbito de Tancredo Neves. Muito bem! Ou melhor dito, “muito mal”… Então, como diabos poderia “euzinha” quantificar e qualificar: quem teria interesse ou se beneficiaria com o “passamento” de todos – ou qualquer um deles? Centenas, milhares de pessoas descontentes com algo, ou com muitas coisas que tais “personagens” tenham feito (realmente ou supostamente) – ou deixado de fazer; seriam bons alvos para uma denúncia em qualquer Ministério Público daqui ou de alhures! E ai fica como? Não fica, é obvio!

Lamento informar, mas este tipo de mistério vai servir para que se escrevam: monografias históricas, romances, compêndios, folhetins, hinos, cordéis e outros que tais, para os ávidos leitores de “fofocas históricas”. Mas, solução ou punição? Não vai rolar!

Já sei! O distinto público leitor vai dizer que sou pessimista, incrédula, e até maledicente para com nossa briosa e esforçada (êta adjetivozinho mequetrefe!) força policial e investigativa. Tudo bem! Não fico ofendida! Mas, na moral? É isto mesmo! E, se serve de “consolo”, para os inconformados: devo lembrar-lhes que quem se mete na “vida política” tem que (ou deveria) estar preparado para este tipo de “reação” (ou retaliação como queiram). Caso contrário, é muito otário ou muito “soberbo”! E como diz o ditado “gaudério” lá dos meus pampas paternos: “Quem tem medo (da morte) morre todos os dias um pouquinho, e quem não tem morre uma vez só – e não sofre por antecipação!”

E muito cá entre nós: já que a morte (morrida ou matada) é inevitável… É muito mais “negócio” viver com dignidade, e deixar um histórico decente para a posteridade.

(#) Justiça Criativa