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Norberto Bobbio: regras do jogo, eleições e desilusão

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Trecho extraído do livro “O futuro da democracia”, de Norberto Bobbio (p.95):

 

(…)permanecendo-se nos limites das regras do jogo, as saídas possíveis são as que são, e os passos necessários para concretizá-las são previsíveis, quase obrigatórios. Não creio que seja possível sair das regras do jogo, supondo que seja fácil, e vimos que não é, porque uma vez rompida a principal destas regras, a das eleições periódicas, não se sabe onde tudo terminará. Pessoalmente, creio que terminará muito mal. Não é aqui o caso de recordar uma velha história: o movimento operário nasceu com a ideia de que a democracia era uma conquista burguesa e de que era necessário um novo modo de fazer política, mas pouco a pouco não apenas aceitou a democracia representativa como inclusive buscou consolidá-la através do sufrágio universal. Atualmente, no âmbito desta democracia representativa, não veja para a Itália, no futuro próximo, outra solução que não a alternativa de esquerda (que não é a nebulosa “alternativa democrática” de que falam os comunistas). Todo o resto está entre a construção de castelos no ar e a agitação pela agitação destinada a fazer aumentar, a curto e a longo prazos, as frustrações. É pouco. Mas mesmo este pouco é tão incerto que buscar outra coisa significa colocar-se mais uma vez na estrada das expectativas destinadas à desilusão.