O negócio de trazer consultoria pra gerir prefeitura nunca colou. Não deu certo com Cortez Pereira, não emplacou com Micarla e, provavelmente, nada trará de especial para a gestão Claudia Regina, a não ser o valor, que costuma ser bastante salgado.
A atual vereadora pelo DEM foi a eleita e não a Falconi Consultoria, contratada pela mossoroense. Além disso, pela subjetividade embutida, a compra de um bem imaterial não tem parâmetro claro. Pode ser porta de entrada para corrupção. Micarla, por exemplo, trouxe para a sua gestão, a peso de ouro, a principal escola de administração do país, a FGV. E o resultado está para todos verem.
O problema está na falsa concepção de enxergar a máquina pública como uma empresa. Ora, uma empresa não precisa, pelo menos em tese, se relacionar com partidos políticos, procurar legitimidade social para as suas ações, respeitar princípios que são inerentes a administração estatal. Uma organização privada não escolhe sobre se é mais relevante construir um hospital, ou pavimentar uma rua.
Nessa fico com o sociólogo Max Weber, que ao contrário dos tempos atuais, sempre acreditou na força da política e temeu, ainda que reconhecesse sua importância, o avanço da burocracia. É que a administração (razão instrumental) é insensível. Como mostrou a escola de frankfurt, pode funcionar para executar um serviço qualquer, como também para matar mais gente, conforme ocorreu nos campos nazistas. Necessita, portanto, da política para ditar uma agenda sobre o que deve ou não ser feito, seguido, atingido.
A medida de contratar uma consultoria, ação também política, é um sinal dos tempos e do modo como a direita tende a agir. Quando chega ao poder, esquece (Claudia tem alguma?) das questões substantivas (desigualdade, crescimento, inclusão, etc) – da grande política, diria Gramsci -, para resumir tudo às atividades administrativas – pequena política, seguindo ainda as palavras do teórico italiano.
Torço para que o jornalista Cassiano Arruda, que criticou ferozmente a contratação da FGV no período Micarla de Sousa, mantenha a coerência.
PS. Fafá Rosado, atual prefeita de Mossoró e que também é do grupo de Claudia Regina, disse que a prefeitura passa por dificuldades financeiras. Mas pelo visto, não para as consultorias.