Por Mariana Meneses Fernandes
(Graduanda em Comunicação Social – UFRN)
Caranguejo é um crustáceo que faz parte da família gecarcenídeos, conhecidos também como caranguejo amarelo ou caranguejo-ladrão. Bem sabemos que caranguejos não andam para trás nem para frente e sim para o lado, e que o título recorre apenas a uma licença poética. E é exatamente sobre essa particularidade que desejo me referir, a de andar para o lado. Não são unicamente caranguejos que possuem essa prática, pessoas também fazem isso, principalmente quando se trata de poder político.
A família Alves está no poderio político do Rio Grande do Norte e à frente da nossa capital há mais de 90 anos, bem como a família Maia e Rosado. Aluísio Alves, um dos grandes nomes da política do nosso estado, é o decano dessa família. Iniciou sua vida pública na UDN como Deputado Federal, já participou do PSD e enfim ingressou na ARENA, quando foi então cassado pelo AI-5 acusado de corrupção. A partir daí as semelhanças dos Alves com o caranguejo amarelo só se estreitaram. E assim se deu a sucessão dos Alves na cena política norte-riograndense. Garibaldi Alves,
Garibaldi Alves Filho, Carlos Eduardo Alves, Henrique Eduardo Alves e os demais Alves políticos existentes no RN. O que nos dá a sensação de que nada mudou, são os mesmos nomes a cada dois e quatro anos. Se esse repeteco todo ainda fosse benéfico aos potiguares nem faria necessário tecer algum comentário.
No entanto, ao invés da política caminhar para frente rumo ao futuro e seus desafios, continua a retardar o sucesso de nossa administração pública, com essa mania oligárquica de andar paro o lado, favorecendo os mesmo, com mecanismos fisiológicos, de cabresto e de cunho curralístico.
Carlos Eduardo está como nosso candidato à prefeitura de Natal e a um passo de assumi-la novamente, lançando dessa vez como vice-prefeita Wilma de Farias. Uma hora ou outra era de se esperar tal revezamento. Devemos lembrar que nosso quase prefeito assumiu a prefeitura de Natal em 2002 quando Wilma renunciou o cargo para disputar a governadoria do Estado, e se elegeu como prefeito de fato em 2004/2008 lançando como vice-prefeita Micarla de Souza, que posteriormente se candidatou à prefeitura natalense. Definitivamente, revezamento não tem sido boa pedida para nós. Sobre sua candidatura no período de 2004 a 2008 é digno citar suas iniciativas (que fique claro o termo iniciativa) em obras públicas, bem como projetos socioculturais, “investimentos” na área da saúde e da educação, além da criação de habitações populares e o saneamento básico em várias regiões da cidade, uma vez que todas foram devidamente propagandeadas. Mas é ainda mais honesto lembrarse desse outro detalhe: “Quais delas ficaram prontas, entregues e beneficiaram de fato a população?”. As que chegaram perto de sair do papel serviram apenas para fazer o que os caranguejos amarelos e os Alves historicamente fazem de melhor, abiscoitar. Dos saneamentos invisíveis às 8 toneladas de remédios jogados fora, nada, nem mesmo o Parque da Cidade conseguiu escapar de cair no mangue.
É bom revermos nosso conceito sobre a suposta rivalidade existente nesse segundo turno entre Hermano Morais e Carlos Eduardo. Se pensarmos bem, quem apoia Carlos agora é Mineiro e quem sempre apoiou Hermano? Garibaldi Alves Filho. Ainda preciso dizer alguma coisa? Ela não existe. São Marias farinha do mesmo buraco. A verdade é que o passado nunca foi embora. Eis o exemplo mais polido de verdade. Estamos num dilema quase centenário e a culpa não é dos caranguejos, pois a eles cabe apenas a competência de andar para o lado. Cabe a nós a de andar para frente.