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A Lagoa do Jacaré

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Uma questão de saúde e segurança pública

Por Ivenio Hermes

“A natureza pode suprir todas as necessidades do homem, menos a sua ganância” Gandhi

O Desleixo Municipal

Desconhecida de muitos natalenses, a Lagoa do Jacaré recebe esse nome porque há rumores de que na década de 80, alguém levara um filhote de jacaré e o soltara lá, permitindo que o animal se utilizasse dos recursos existentes à época para crescer e se desenvolver.

Visto por alguém anos mais tarde, o animal já quase adulto fora retirado e levado para outro local.

É uma imensa área destinada a captação de águas, limitada pelas ruas Tarcísio Galvão, Nelson Mattos e Djalma Maranhão, sendo sua outra face limitada por uma empresa.

Há muito tempo essa lagoa vem sendo objeto de questionamento, quer seja pelo seu proprietário que até hoje aguarda a indenização por ter sido destituído da posse de sua propriedade e até hoje aguarda indenização ou seja pelos moradores que sofrem com as pragas do depósito de lixo em que a lagoa se transformou.

Depósito de Lixo da Nelson Mattos

A Rua Nelson Mattos se transformou em depósito de lixo a céu aberto, há ocasiões em que metade da rua fica tomada por colchões velhos, televisores, sofás, máquinas sem conserto e toda sorte de sujeira.

Há pouco tempo, a ação das chuvas desgastou o pavimento levando metade da rua e somente depois de alguns dias foi consertado. O muro, fator essencial para evitar a penetração de pessoas não pertinentes à lagoa, está destruído e mesmo sob pedidos, protestos e reclamações de entidades filantrópicas situadas no local, além das associações de moradores e pessoas agindo individualmente, há anos nada se faz naquela área.

Evitando qualquer injustiça, alguns consertos provisórios foram feitos e uma placa de “proibido jogar lixo” foi colocada no local. A placa é muito pequena e pouco ou nenhum efeito faz. Com certeza, no dia que alguma obra for realizada no local, uma majestosa obra será colocada.

Esse depósito de lixo em plena rua, tomou a calçada, a borda de uma parte da lagoa e se transformou no principal acesso de usuários de drogas ilícitas, fugitivos, ladrões que se aproveitam do relevo para invadir a casa dos moradores e ainda terem fácil rota de fuga. E isso não é novidade, pois diversas casas já foram assaltadas e os bandidos usaram a lagoa para fugirem.

Nas imediações secas do interior da lagoa já foram encontradas camisinhas, seringas utilizadas, garrafas de álcool e frascos contendo cola de sapateiro ou thinner. O policiamento ostensivo na região, assim como no resto do estado, está esporádico e não abrange a necessidade de uma área abandonada assim.

A época das pragas

Durante todo o ano os moradores sofrem com o perigo constante de serem surpreendidos por bandidos que aproveitam a escuridão da lagoa para aguardar confortavelmente dentro da propriedade.

Assim como a segurança pública não dá conta do bairro de Nova de Descoberta (para alguns essa parte se chama Morro Branco, porém não está oficializada pelos Correios), a saúde pública e o controle de zoonoses é algo meramente figurativo.

Receber a visita do agente de saúde é até uma piada de mau gosto. Diante dos conselhos de não conservar lixo, não queimar lixo e não permitir que recipientes armazenem água parada, urge a vontade de perguntar sobre a lagoa, mas seria despejar a amargura pelo péssimo serviço prestado num funcionário público que somente cumpre suas ordens.

As pragas variam:

1) Baratas e ratos durante o ano inteiro;

2) Mosquitos, pernilongos e outros rasteiros aumentam durante as chuvas;

3) O caracol africano (também na época das chuvas) prolifera e invade os quintais das casas lindeiras e as ruas próximas. Os moradores retiram sacos cheios desses perigosos moluscos.

Se há algum controle biológico, ele se dá através dos gatos, morcegos e lagartos que viraram os novos moradores da poluída lagoa. São esses animais, protegidos pelos moradores, que fazem o controle mínimo, pois eles não dão conta da quantidade de animais a serem exterminados.

Controle de Improviso

Após inúmeros pedidos das associações situadas na área, principalmente uma que faz limite lateral e posterior com a lagoa, moradores e outras entidades, o progresso para a solução dos problemas da Lagoa do Jacaré não se efetivam.

Um lugar que poderia ser revitalizado, iluminado, utilizado para o bem comunitário, virou antro de viciados e fugitivos durante a noite e durante o dia, ainda se pode capturar belas imagens que demonstram todo o potencial do local.

Para conservar o que resta, uma moradora da Tarcísio Galvão mantém imensos vasos com plantas nas calçadas próximas a lagoa; outra cuida em manter os gatos alimentados comprando dezenas de quilos de ração com seu próprio dinheiro, pagam vigilantes para não deixarem jogar lixo na Nelson Mattos, pois a diminuta placa e a pífia vigilância de nada adiantam.

A Insegurança gerada pela escuridão provada pela Lagoa a noite reuniu os moradores em comissão que pagam diversos tipos de vigilância de rua.

A onda de assalto das últimas semanas trouxe a presença de policiais em motocicletas que visitam o bairro esporadicamente para manter certo ar de proteger e servir.

É uma dura luta. De um lado os cidadãos moradores, do outro lado malfeitões e animais asquerosos e transmissores de doenças, faltando apenas a mão da administração para que a solução ocorra.

Uma questão de saúde e segurança pública

Como salvar a Lagoa do Jacaré? Como evitar que mais e mais animais peçonhentos se proliferem e migrem para a casa dos moradores da região levando suas doenças, por vezes, incuráveis?

Essa questão ficará para ser respondida por alguém especialista em saneamento básico e recuperação de lagoas de captação.

Para a saúde pública ela está perdida, isso é fato. Mas e para a segurança pública? Ainda não.

A adoção de policiamento ostensivo diuturno menos espaçado, revitalização da iluminação pública, com holofotes voltados para o interior da lagoa, reconstrução do muro da Nelson Chaves, contratação de vigias para os dois acessos, não são medidas tão onerosas quanto os bens e a saúde dos moradores.

Não há como não perceber o potencial do local, assim como não há como não perceber os perigos que os moradores enfrentam. Até quando esperar, esperando que a administração pública cumpra sua função?

 

NOTA:

Durante a pesquisa de campo para este texto, 4 (quatro) álbuns de fotografias instagramadas foram produzidas, com imagens belas e ao mesmo tempo chocantes que estão distribuídas nas fanpages da Carta Potiguar e Blog do Ivenio.

Visite, curta as páginas e nossos álbuns.

01-Entrada Nelson Mattos  http://migre.me/bhhXN

02-A visão interior    http://migre.me/bhhEX

03-Vista da Djalma Maranhão http://migre.me/bhiAv

04-Poluição e Abandono http://migre.me/bhiT2