Caso a decisão do desembargador Vivaldo Pinheiro confirme a candidatura de Carlos Eduardo – o que é bem provável -, ele não terá muitos problemas para derrotar a chapa de Hermano Morais no segundo turno. Na verdade, a eleição de Natal tende a caminhar para tédio até o final.
Os 22,9% dos eleitores que escolheram Fernando Mineiro tendem a dois caminhos: optar por Carlos Eduardo ou anular o voto. Mesmo se o PT cometer o erro de apoiar o candidato do PMDB, outra hipótese que considero improvável, é muito difícil reverter a tendência.
A maior votação do petista foi na 3ª zona eleitoral da cidade, onde quase ficou empatado com o primeiro colocado. Lá Carlos Eduardo e Hermano Morais obtiveram a menor votação. A zona compreende a região de Capim Macio, Ponta Negra, UFRN e Cidade Jardim, um eleitorado com maior grau de escolaridade e que tende a rejeitar mais candidato de Garibaldi Alves do que o ex-prefeito.
Na zona norte, onde Mineiro também venceu de Hermano Morais, o pedetista surfou por águas tranquilas. Teve 46% dos votos válidos, tendência difícil de reverter no segundo turno. Mineiro foi o segundo colocado, numa margem apertada contra Hermano. Ali, talvez, seja a região que o peemedebista conquiste alguns votos, mas nada expressivo suficiente para derrotar o candidato do PDT.
Resta a Hermano as zonas mais conservadoras da cidade, o chamado Plano Palumbo, responsável por levá-lo ao segundo turno. É o local onde ele pode ampliar a sua votação. Mas, por compreender um número baixo de eleitores, dificilmente vai bater a decisão da zona norte de Natal.
Outro desafio será superar o voto nulo. A abstenção, que ficou em 20% do eleitorado, deve aumentar no segundo turno. Tanto Carlos Eduardo como Hermano Morais gozam de uma alta rejeição, o que desanima os eleitores. Anular o voto, neste cenário, é beneficiar o ex-prefeito, que terá menos trabalho para alcançar o percentual de 50%.
A única coisa que tira Carlos Eduardo da prefeitura neste momento é a decisão do desembargador Vivaldo Pinheiro. Se der ganho de causa à Câmara Municipal, que reprovou as suas contas, a chapa do ex-prefeito está fora do jogo por conta da lei da Ficha Limpa. Neste cenário, os votos do pedetista serão considerados nulos e quem disputará o segundo turno será Fernando Mineiro.
É uma hipótese improvável, pelo fator mais político que técnico que motivou a reprovação das contas do ex-prefeito. Apesar disso, o entendimento atual do TSE é de validar a decisão das Câmaras Municipais e ignorar o parecer os Tribunais de Contas Estaduais o que, neste caso, tiraria Carlos Eduardo da disputa.
É uma insegurança jurídica que – repito – de forma improvável, pode mudar o jogo.
Foto por Marcela Cavalcanti do dnonline