Incentivo aos que permanecem na luta
Reconhecimento
“Obrigado meu Deus!” Foram as primeiras palavras que saíram da boca ressecada pela surpresa, quando aquele jovem contemplou seu nome escrito numa importante e esperada publicação, terminando uma espera de cinco anos.
Todo sonho precisa de empenho para se tornar uma realidade. Embora as escolhas feitas pelo ser humano nem sempre cheguem numa satisfação plena, é preciso acreditar e tentar. Seu nome publicado não era a realização mais almejada, mas era talvez, a escolha daquele “Deus” que ele professou ser dele ao exclamar.
A experiência que vamos descrever agora pode ser crida como comum a muitas pessoas, algo natural na trajetória do jovem brasileiro moderno que sonha entrar para a segurança pública e não vê seu desejo realizado na primeira ocasião, daí mergulham num estado de ansiedade, esperas, buscas, mais preparo, busca de alternativas e lutas por direitos que sabe que existem.
Percalços 1
Não foi nada fácil chegar até aqui! Meu sonho de fazer parte da polícia judiciária surgiu no ano de 2005 quando eu resolvi estudar para o concurso da Polícia Civil/RN. Entretanto, em 2006, outro edital se antecipou: o da PC de Pernambuco!
As provações começaram a surgir quando, tendo a vontade contrária da minha família, parti para o certame e agosto de 2007 saiu o resultado e fui classificado para as etapas seguintes que eram o TAF (teste de aptidão física) e Teste Psicológico. Próximo ao dia do TAF, uma gripe com congestionamento das vias respiratórias e somadas às palavras desestimuladoras de alguns pretensos amigos, minaram parte do meu otimismo e me preencheram com receio e insegurança… Mesmo assim viajei para Recife na confiança e na Fé em Deus.
A febre, as dores no corpo e o sol forte da tarde em Recife, me apavoravam. Os testes se sucederam, mas meu temor maior seria a corrida, pois não me sentia mais em condições. Já na segundo volta eu somente conseguia caminhar. Pedi forças a Deus e continuei sem perceber o momento em que voltei a correr, terminando a corrida e sendo aprovado no teste.
O misterioso teste psicológico era outro temor e novamente Deus atuou e fui considerado apto.
Após a investigação social, o seguimento natural seria o curso de formação, contudo, como não fiquei entre as vagas iniciais, não pude entrar na primeira turma, cujo curso começou em 02/05/2008.
Num concurso regionalizado como foi o de Pernambuco, eu optei pela região mais concorrida, a Capital, e isso me incomodou, pois se tivesse feito outra opção, eu já estaria até trabalhando.
Compensações
A tristeza por não fazer o curso de formação em Pernambuco em 2008 foi amenizada pelo bálsamo chamado Luciana, com quem comecei a namorar em 07 de setembro e pela ajuda que tive ao receber de presente meu primeiro carro… E em seguida, saiu a publicação do edital do Concurso da Polícia Civil RN.
Novamente otimista e confiante, me inscrevi para o concurso da PC RN já animado para os estudos, e estudei muito. Meu esforço foi abençoado e Graças a Deus cheguei até ao TAF.
Percalços 2
Certo dia enquanto treinava machuquei o joelho esquerdo e precisei parar as atividades. A fisioterapia era muito aquém daquilo que eu precisaria para o preparo físico ideal e as dores persistentes me antecipavam uma tristeza pelo provável insucesso no TAF.
Foi para Deus quem direcionei meus recursos e novamente, em agosto de 2009, embora eu não soubesse o que aconteceria, fui aprovado no TAF e em seguida considerado apto no Teste Psicológico.
Para um edital que originalmente previa somente 320 candidatos para o curso de formação, minha classificação como nº 355 me deixava para trás. Mas as desistências que culminaram na convocação de até o candidato nº344, deixaram apenas 11 para a minha vez. Um número que me incomoda, pois somente 308 candidatos concluíram o curso de formação, ou seja, se 12 concursados tivessem desistido ao longo do curso ou se não tivessem feito a matricula, eu estaria entre os concluintes. Era uma angústia por não ter alcançado o sonho de pertencer à polícia judiciária.
Em dezembro de 2010 foi homologado o concurso da Polícia Civil e no ano seguinte teria um governo novo. Eu esperava que todos que fizeram o curso de formação fossem nomeados, para em seguida haver o segundo curso com os suplentes. Infelizmente, sob a alegação de respeito à lei de Responsabilidade Fiscal, o ano de 2011 se arrastou sem nomeações.
Novas Compensações
Minha vida precisava continuar e enquanto esses fatos se desenrolavam, paralelamente e com sacrifício iniciei minha segunda graduação no curso de Direito, onde conheci alguém que se tornou um grande amigo incentivador.
Em Pernambuco 3 cursos de formação consecutivos já haviam sido realizados, gerando em mim a expectativa que em 2011 haveria o quarto curso, porém, não ocorreu assim. Minha fé não me permitia desistir e permaneci aguardando ver o concurso do Rio Grande do Norte prosseguir, o que não aconteceu.
Recordo como se fosse hoje quando eu desabafei e chorei conversando com meu amigo a respeito desse concurso do RN e também do meu sonho que não se concretizava. Ele como um espírito iluminado me deu forças para não desistir e começou a escrever mais ainda a respeito do concurso da Polícia Civil RN.
As verdades contidas nos textos do meu amigo me fizeram procurar a Comissão dos Suplentes do Concurso, sendo convidado para fazer parte dela algum tempo depois. O empenho nos levou a união e fiz amigos muito especiais como Flávio, Sáskia, Luiz, Antonioni, Ivo e não continuarei a lista para não ser injusto com os que nesse momento de emoção não forem citados.
Pernambuco é uma realização parcial, a plenitude do meu sonho seria continuar no Estado do Rio Grande do Norte, onde deixarei todos os amados que mencionei.
O Tempo de Deus
A história do processo de realização do meu sonho está sendo escrita diariamente na minha própria lição de vida, de manter a fé em Deus e nunca desistir de um sonho, mesmo que uma multidão quisesse o contrário e que a vida parecesse conspirar contra mim.
A despeito das opiniões negativas, estou certo que o Estado do Rio Grande do Norte também chamará tanto a mim quanto aos outros e seguirei acreditando em Deus.
Agora, mais do que nunca, tenho a certeza que tudo na vida acontece no momento certo, um tempo que não é nosso, é o tempo de Deus, pois se eu tivesse sido convocado logo de inicio, além de não ter a maturidade que possuo hoje, eu não teria conhecido grandes amigos e minha namorada e apoiadora de 4 anos, para quem voltarei para formar minha família, pois sei que ela foi um presente de Deus em meio a angústia.
Mesmo em outro estado sei que meu amigo continuara escrevendo sobre segurança pública no intuito melhorar nossa sociedade e especificamente de sensibilizar os governantes do RN.
Que Deus abençoe e motive a todos empenhados na luta para o segundo curso de formação no RN e a melhora substancial da segurança pública do estado potiguar.
Para o Guerreiro que Parte
Nenhum guerreiro nasce pronto, é necessário muito empenho para se forjar num homem o caráter digno e necessário para atuar em defesa dos outros. Ser guardião é a essência da palavra policial, uma profissão que Deus utiliza para ser uma extensão de sua proteção.
A nobreza necessária para essa função precisa ser resgatada naqueles que integram as diferentes corporações lembrando-os de que eles são meros prestadores de serviço da sociedade.
Tenho certeza que Rubens Miranda Júnior esteve sendo forjado a fogo para representar uma nova geração de policiais que terão sensibilidade ao tomar decisões e nortearão suas ações com fundamento nos direitos humanos.
E assim ele vai partir, destemido, rumo à outra região do mapa, e sei que o verei voltar, mas saber que ele vai embora envolto nas brumas do desconhecido me fez experimentar parte da sensação dos queridos que ficam. Talvez, se todos possuíssem a habilidade de sentir o que os outros sofrem, ele não precisasse mais fazer essa viagem para outra localidade, bastaria apenas uma, a definitiva, e em suas mãos não haveria mais uma convocação para outro Estado, e sim a portaria de prorrogação do Concurso PC RN e o chamado para o Curso de Formação dos Suplentes.
