Sexta Feira (introdução)
A chegada da sexta-feira é uma comemoração nas redes sociais, um evento celebrado com banners, mensagens fotográficas e compartilhamento de frases animadas em alegre euforia num convite mútuo pela chegada do fim de semana para alguns, pela chegada do sábado para aqueles que o guardam como o dia sagrado e ainda outros motivos como talvez o simples fato de não precisar trabalhar no outro dia.
O que importa é que se trata de um momento ímpar de aceitação de uns para com os outros, como se na vida real todos saíssem às ruas, naquele antigo costume de desejar feliz ano novo que se perdeu com a verticalização das habitações, que somente as redes sociais digitais podem ser responsabilizadas por essa aproximação entre as pessoas.
Necessidade Humana (fazendo um aposto)
Os humanos assim como a maioria dos primatas mais desenvolvidos são naturalmente seres sociais por natureza. Sua predisposição para interagir com outros da mesma espécie é muito grande, mas eles possuem características facilitadoras como a capacidade de se comunicar de forma detalhista através de sistemas de comunicação verbal, gestual e escrita, que os elevam para um grau de evolução definitivo: o poder de expressar suas ideias, de organizá-las e difundi-las.
A limitação espacial seria naturalmente a próxima barreira que o homem enfrentaria e enfrentou com garra. As formas de comunicação à longa distância precisavam existir. Telégrafo, correio, telefones até os celulares foram surgindo e quando nos habituamos a eles, eis que aparecem os meios integrados como a troca de mensagens de texto, troca de fotos e pequeno documentos.
Concomitantemente surge a internet e com ela a AOL – America On Line dispara na frente lançando o serviço de IM (Instant Messenger), os famosos bate-papos através do computador.
O grande fundamento se deu, entretanto, com a criação de redes de relacionamento através da internet. Nesse novo universo de comunicação há discordâncias quanto ao surgimento. Pela data, Adam Debiasi[i], diz que a primeira rede social surgiu em 1995, o Classmates.com. Porém, como não possuía interface completa e servia apenas para conectar antigos amigos do colégio, outra que embora tenha sido lançada dois anos depois, em 1997, outro serviço surge e se que adequa melhor ao perfil de rede social.
Nisso, Yeltsin Lima[ii] concorda, pois afirma que somente essa nova rede permitia aos usuários a criação de seus perfis, além de facilidades posteriores. Nada da sofisticação que há hoje em dia, apenas um ambiente com a finalidade de encontrar pares para futuros matrimônios. Um serviço contratado, cuja ideia embrionária que se aperfeiçoou tornando-se a primeira rede social digital, o SixDegrees.com.
Não demorou a que percebessem que não havia mais necessidade de contratar empresas para juntar indivíduos com objetivos e finalidades afins, bastava uma plataforma adequada, amigável e de fácil interação para agregar essas pessoas.
Nova Forma de Interação Social (ainda no aposto…)
A difusão dessa nova forma de se relacionar uniu pessoas de diferentes grupos, países, crenças, lugares, que buscam temas comuns que os aproxime. Viviani Corrêa Teixeira[iii] afirma que há bem pouco tempo, a internet era apenas novo e eficiente meio de comunicação, mas ultimamente se transformou em uma necessidade de aderir a uma nova dimensão social. Nessa dimensão social não há mais os limites das relações sociais convencionais que outrora eram delimitadas pelo espaço físico.
E espaço físico foi vencido com essas acessíveis estruturas sociais, mas que passaram a se integrar para melhor interagir. Ontem mesmo, conversei um tempão com um querido primo que há muito tempo não via e o melhor, uma chamada de vídeo grátis, cortesia da interface integrada entre o Facebook, Skype, Google+ e Orkut.
Mas como já dizia Thomas Hobbes[iv] que Homo homini lúpus, ou seja, o homem é o lobo do homem, ele continua sendo o homem, sempre tentando impor suas ideias sobre a dos outros, buscando criar grupos de congregados sobre o mesmo ideal, mas que na primeira discordância, sai e funda um novo grupo. Daí, simpatizantes e antipatizantes, cooperantes e concorrentes, se digladiam também nas redes.
Embora Viviani Corrêa Teixeira[v] apresente que a atmosfera social competitiva, muitas vezes hostil e pouco associativa, começou a ser superada com o advento da Internet, cujo alto coeficiente de alcance tornou a relação social digital uma possibilidade real, o tradicionalismo exagerado, as normas sociais e éticas e valores típicos apenas de certos grupos, a homofobia, a segregação étnica, a implicância com a prática religiosa, a divergência política e outras formas de exercício do preconceito penetram o pacífico ambiente virtual.
Convivendo Nas Redes (voltando ao assunto principal)
Com a prática do preconceito nas redes sociais, as pessoas adotam diferentes comportamentos para “existirem” ou serem aceitas.
1- Indiferente: não importa o assunto, não importa a imagem, permanecer indiferente é muito confortável. De vez em quando dá um “curtir” quando o tema não revela seus verdadeiros sentimentos;
2- Debatedor sem oponente: dado a bravatas, se revolta por algum assunto que alguém mencionou em algum lugar e dispara postagens. Nunca se sabe contra quem, pois teme perder amigos simpatizantes do oponente oculto, o destinatário daquelas revoltas;
3- Fomentador: esse adora incitar temas atuais e criar polêmicas para ficar em evidência, não que os temas realmente o incomodem, apenas pelo prazer de fomentar o debate ou a discórdia;
4- Debatedor: ao surgir um tema que o incomoda, posta seus argumentos, e cada vez que alguém posta algo contrário ele se revolta e posta réplicas, tréplicas… até o assunto minguar;
5- Mimético: esse se comporta de acordo com a maioria para o tema. Imitando a habilidade de certos animais denominados mímicos, eles confundem-se com os membros do grupo de organismos;
6- Respeitador: realmente sabe respeitar. Conduz-se de forma confortável pelas redes porque sabe e gosta de verdade de mostrar o que é, sem que para isso, precise se manifestar ofensivamente contra os que discordam dele.
Todos podem manifestar ocasionalmente as características acima, mas é a conduta repetida que define quem é ou não. O comportamento aqui demonstrado foi apenas o mais direcionado para a situação do antagonismo, pois se levarmos em consideração outros assuntos, outros personagens surgirão.
A Solidão Digital (finalizando)
Os grandes centros e aglomerados urbanos possuem forte tendência a gerar indivíduos isolados e solitários cuja necessidade de se relacionar com outras pessoas é veemente.
Na luta contra a solidão, as pessoas se apegam a diversas soluções, até mesmo um apego exagerado às programações de televisão (muitas deixam a televisão ligada para intimamente simularem outras pessoas dentro de casa), chegando ao desenvolvimento de manias, cacoetes e até apresentando algum grau de depressão.
A foto da pessoa sorridente, espirituosa, com ar misterioso, sexy, etc, oculta uma pessoa que precisa de pessoas autênticas, com quem se identifique e saiba que pode conversar, postar assuntos diversos, comentar, sem o temor de ser perder dos outros e cair na solidão.
Nessa era de redes sociais digitais, é preciso observar o comportamento do amigo na realidade para verificar se ele condiz com o que ele é. É preciso doar apoio, carinho, não concordar com respeito e argumentar tendo em vista o que outro vai sentir, afinal, respeito é como a outra pessoa gosta de ser tratada e não como queremos trata-la.
Use suas conexões nas redes sociais para promover o equilíbrio, a amizade. Mostre sua fé respeitando a dos outros e não se ofenda por seu amigo ser muçulmano e você cristão ou ser ateu. Compreenda se alguém gosta do candidato fulano enquanto outro do ciclano. Promova a manutenção da paz e fim da guerra de opiniões.
Procure ajudar alguém que precisa e não se sinta sozinho, afinal de contas, hoje é sexta-feira, dia que antecede à folga para a maioria, celebre o convívio em paz nas redes sociais. Permita que te desejem um bom fim de semana, uma boa sexta à noite ou, como no meu caso, que eu te deseje um feliz sábado!
REFERÊNCIAS E CITAÇÕES:
[i] DEBIASI, Adam Esteves. Saiba qual foi a primeira Rede Social da Internet. Disponível para acesso em: <http://migre.me/apQ9W> e para download em <http://db.tt/QqufTzEL >. Acesso em: 18 ago. 2012.
[ii] LIMA, Yeltsin. Redes Sociais: Passado, presente e futuro. Disponível para acesso em: < http://migre.me/apQct > e para download em <http://db.tt/OPyXvPP6 >. Publicado em: 21 ago. 2010. Acesso em: 18 ago. 2012.
[iii] TEIXEIRA, Viviani Corrêa. A contribuição da Internet para os movimentos sociais e redes de movimentos sociais e o caso do Movimento Internacional Pela Adoção ao Software Livre. 2007. 18 f. Monografia (Mestrado) – Curso de Sociologia Política, Departamento de Núcleo de Pesquisa em Movimentos Sociais, Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, 2007.
[iv] HOBBES, Thomas. Leviatã. Coleção Obra-Prima de cada autor. 2001. 636 p. São Paulo. Martin Claret – Bb, 2001.
[v] TEIXEIRA, Viviani Corrêa. A contribuição da Internet para os movimentos sociais e redes de movimentos sociais e o caso do Movimento Internacional Pela Adoção ao Software Livre. 2007. 18 f. Monografia (Mestrado) – Curso de Sociologia Política, Departamento de Núcleo de Pesquisa em Movimentos Sociais, Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, 2007.
OLIVEIRA, Natanael. A História das Redes Sociais. Disponível em para acesso em: <http://migre.me/apQei>. e para download em <http://db.tt/r1YtzFsA >. Publicado em: 12 jan. 2010. Acesso em: 18 ago. 2012.
ADAMI, Anna. Redes Sociais. Disponível em para acesso em:: <http://migre.me/apQfB>. e para download em < http://db.tt/oFmIOX9M>. Publicado em: 18 set. 2011. Acesso em: 18 ago. 2012.