Recentemente, num artigo irônico e ao mesmo tempo pedagógico, o filósofo Renato Janine Ribeiro fez uma pergunta: o político vem de Marte? A indagação foi o meio encontrado pelo nobre pensador para criticar aqueles que “falam mal” dos “políticos”, como se essas pessoas e suas práticas fossem apartadas da sociedade. Como se o político não tivesse base social.
Bem, nesse sentido, também cabe questionar: Micarla veio de Marte? Eleita ainda no primeiro turno, a atual prefeita consolidou uma série de apoios políticos e administrativos. Muitos deles a acompanharam até os 45 minutos do segundo tempo. Outros só saíram porque a prefeita não cedeu mais espaço do que eles reivindicavam.
De repente, hoje, ninguém reconhece aquilo que ajudou a criar. Micarla de Sousa parece ter construído o caos administrativos em que a cidade se encontra totalmente sozinha, isolada. PR, PSDB, PMDB, DEM, PMN, etc, tiveram indicações de primeiro escalão, algo que muita gente quer esquecer.
A situação também se repete entre os eleitores comuns. Todo mundo que conheço não votou em Micarla. Nunca vi um eleitor verde dizer: poxa, votei nela e me arrependi. É impressionante. Se a urna brasileira não fosse tão segura, diria até que a eleição de 2008 fora fraudada.
A maioria dos cidadãos não gosta de admitir seus erros. Normal. Porém, lembrar do passo em falso se torna agora questão fundamental. Sobretudo se o eleitor quiser, de fato, optar por um candidato que tenha projeto político para Natal e não apenas marketing e desempenho televisivo bem feitos.