A governadora Rosalba Ciarlini está a um passo de nomear Carlos Augusto Rosado, seu marido, para desempenhar o principal cargo, depois do dela, na administração estadual. O primeiro damo já é dado como certo para substituir o chefe do casa civil, o mossoroense Anselmo de Carvalho.
O fato do ex-deputado ser seu parente não desabona, necessariamente, a conduta da gestora. Em que pese a desproporção factual com que o primeiro-damo se intromete nos assuntos do governo – a própria presidente Dilma Roussef estranhou e comentou com pessoas próximas a ela, que não entendeu porque, quando marcou reunião com Rosalba Ciarlini, o marido foi acompanhando -, a conduta é permitida. Não há ilícito configurado.
A questão que se coloca, porém, é, neste momento, de outra ordem. Carlos Augusto Rosado foi pego em escutas telefônicas autorizadas pela justiça, administrando aquilo que ficou conhecido como #Caixa2doDemnoRN. Há fortes indícios de que, durante a campanha de 2006, quando sua mulher se candidatou ao senado, o ex-presidente da assembleia legislativa do RN fez uso de notas frias, compra de apoios, transferências obscuras e verba não declarada. Suas conversas com assessores e lideranças deixam praticamente claro que o uso de caixa dois foi uma realidade.
E é aí que o nó se estabelece. Como é que Rosalba trará para sua administração uma pessoa que deveria está sendo investigada por uso de caixa dois, além das atividades adjacentes? Não se trata de um nítido desrespeito e uma total falta de cuidado com o erário?
Rosalba enfatiza que no seu governo não há corrupção. Mas é possível fazer uma gestão honesta, contratando e contando com secretários em que paira fortes indícios de ilícitos? A atitude da governadora representa um ataque àqueles que pedem maior rigidez contra às práticas que fazem do público um domínio privado.
