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Do voto e da utopia: a importância de escolher

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Em ano eleitoral é bom ficar atento. Se, num pleito, você julgar que todos os candidatos a um determinado cargo são ruins, vote nulo.

Não caia na ladainha partidária contra o voto nulo.  Isso é besteira e serve para beneficiar as próprias legendas – como se elas, no Brasil, já não fossem beneficiadas o bastante.

Anular é uma opção válida numa democracia e sinaliza aos partidos e aos políticos a insatisfação do eleitor com os nomes colocados.

Votar nulo é escolher nenhum dos postulantes ao cargo. Deveria, aliás, ser mais valorizado pela nossa legislação que, na última mudança ocorrida, retirou o peso dessa decisão importante do eleitor.

Na lei, anular o voto não significa rigorosamente nada. Mas simbolicamente – política leva muito do capital simbólico – demonstra a falta de representatividade de uma eleição. E, se o leitor juntou dois mais dois, sabe que representatividade é a base de um governo democrático.

Ou seja, querendo a nossa legislação ou não, uma maioria de votos nulos retira a representatividade de uma eleição, de um governo.

Votar nulo é diferente de votar em branco. O branco é sinal que, para o eleitor, tanto faz qual será o candidato escolhido. Tanto o é que antigamente esse tipo de voto costumava engordar a votação de quem liderava o pleito.

Anular o voto, repito, é não escolher os candidatos propostos.  Esta decisão é mais do que válida dentro de uma democracia.

Bem, mas se você julgar que determinado candidato com poucas chances de vitória é o melhor para ocupar determinado cargo, vote nele.

Parece óbvio, mas não é o que de fato ocorre com muita gente. Existe um deplorável costume das pessoas em ‘votar em quem está ganhando para não jogar o voto fora’.

Isso é ingênuo, para não dizer que é uma estupidez. Fulano ou Sicrano depende da sua decisão na urna para ter alguma chance e se você escolher Beltrano porque ele tem mais chance de ganhar, você está jogando seu voto e seu poder de decisão no lixo.

Uma boa votação dentro de uma eleição, mesmo que não eleja aquele candidato, é simbólica e demonstra a importância do debate proposto por aquela pessoa. Ou seja, não hesite, escolha.

Outro fato comum é escolher Beltrano para evitar que Sicrano ganhe.

Um dos meus arrependimentos como eleitor foi o de escolher um candidato em função de evitar que outro ganhasse.

Não votei naquele que, no meu julgamento, era o melhor, mas tinha poucas chances de ganhar, porque queria evitar um ‘mal maior’.

Acabei, dentro de um cálculo pragmático, escolhendo o “menos pior” dentro daqueles candidatos que tinham chances reais de ganhar.

Fui ingênuo. O território político não pode ser encarado de forma pragmática.

Eu sei que isso parece loucura, mas para que boas práticas se consolidem, é necessário que a política vise sempre à utopia.

Utopia é acreditar que é possível realizar o que é aparentemente impossível. Mudar o país, melhorar a nossa realidade, fazer do mundo um lugar melhor, isso tudo é utopia.

Um político, sem esse pensamento, é prejudicial à sociedade e ao país. Por isso tenho ojeriza ao ‘político profissional’.

Político não é profissional. Ser político não é para ganhar dinheiro. Não é uma profissão.

O político ideal é aquele que está no cargo porque quer fazer a diferença para a sociedade, e fazer da sua atuação um agente que trabalha em prol da coletividade.

É um pensamento distante do predominante. Mas se não pensarmos (ou sonharmos), nem agirmos para melhorar os políticos, somos nós é que seremos sempre os prejudicados.

Acredito que dentre toda a sujeira que habita na política, há aqui e ali alguns nomes que, de fato, pensam mudar a sociedade.

Cabe o eleitor a difícil tarefa de garimpar e valorizar o bom politico.

Por isso, fique atento e tenha em mente:  sem a utopia, sem acreditar que é possível melhorar as coisas, mudar a realidade do país, as coisas não mudam.

Escolha. E, por favor, escolha bem.