Os opositores de Haddad não vêm deglutindo bem o apoio que ele recebeu do ex-governador, ex-prefeito e deputado federal Paulo Maluf. Mantendo uma forte estrutura em São Paulo e ainda recebendo a simpatia de cerca de 15%/20% do eleitorado paulista (foi um dos deputados mais votados), Maluf agrega.
Não sejamos bobos, Maluf ainda goza de prestígio em setores conservadores de São Paulo e seu partido tem um importante tempo de Tv – 1 minuto e 35 segundos. Com a apatia que a política vive e o conseqüente desinteresse de parte dos eleitores, a televisão, às vezes, é o único meio de contato com o cidadão. A única forma de entrar na casa da pessoa e estabelecer um diálogo.
O PT também tenta, com Maluf e Erundina, criar uma coalizão que lhe permita ultrapassar o seu tradicional teto paulista, que na última eleição figurou em torno de 30%. Apenas com o seu público tradicional, o Partido dos Trabalhadores apresenta maiores dificuldades de vencer.
Daí o aperreio travestido de crítica moral dos oponentes paulistas. A tentativa de enquadramento depreciativo por parte dos serristas traz a preocupação de quem assiste um forte candidato, engrossando suas fileiras. Ou alguém tem alguma dúvida de que qualquer outro candidato também não aceitaria o apoio do PP? Se Maluf tivesse ido para o Serra, os mesmos que hoje criticam estariam justificando a aproximação como um “mal necessário”.
São Paulo é crucial. Concentra quase 1/5 do PIB. Gilberto Kassab conseguiu produzir um dos maiores partidos do país a partir de São Paulo. O PSDB tem a consciência de que, se perder a prefeitura, em 2014, os governistas não perdoarão. Há grande probabilidade de que o estrago iniciado em 2010 no PSDB-DEM-PPS será concluído.
O PT já fez sacrifícios e abriu mão de várias prefeituras – foi duro ver o que ocorreu em Mossoró/RN – para hipertrofiar Haddad. E, se Maluf ajuda, porque não?!
Não se trata de “vale tudo eleitoral”. É o senso de proporção/pensamento estratégico que a política tanto exige.
Vale ressaltar ainda que a união com o Maluf não significa que ele mandará na gestão, caso Haddad vença. Uma coalizão tem suas forças hegemônicas e o PP terá de se submeter ao PT e não o contrário.
Para os PTistas, que têm o direito de reprovar a aliança – a atitude de atacar quem discorda de você é, no mínimo, antidemocrática –, uma ressalva: os senhores acreditam que o Lula sofreu menos do que os militantes de esquerda em ter de pedir o apoio do Maluf? Em ter de se aliar com o político que combateu durante a maior parte da sua carreira política?! Paulo Maluf não foi invenção do PT. É importante nunca esquecer.