Em nota divulgada à imprensa, a deputada federal Fátima Bezerra pediu a união da base federal nas eleições de 2012 em Mossoró (ver nota abaixo). Com o seu sentido corriqueiro “desvirtuado”, “união” aparece aqui como a imposição de um projeto. Aquele que foi derrotado internamente no partido.
A coisa funciona mais ou menos assim: um grupo político perde, atua nos bastidores para alterar o processo, joga a culpa em um elemento externo (diretório nacional) – espécie de teodiceia religiosa – e depois solicita a participação de todos, inclusive, daqueles que ganharam mas não levaram.
Mas é preciso encontrar uma razão maior. Algo que dê sentido a mudança de rota. DEM! A justificativa de derrotar a principal agremiação de oposição serve apenas para criar um inimigo externo, uma explicação para se juntar com quem não apresenta diferença qualitativa com o partido de Rosalba/Carlos Augusto.
O novo está sendo engolido e colonizado pelo velho. Passada a eleição e independentemente do resultado, o PT terá dificuldade de se apresentar como o “diferente” na política do alto oeste, assim como já acontece em Natal. E depois não adianta culpar o eleitor, chamando-o de “conservador”. O eleitor quer o inabitual, mas é o PT-RN que não cria as condições para encarná-lo.
Será um passo à frente e dois para trás. Fátima Bezerra pode ter conseguido emplacar a sua via. Ter melhorado as condições de disputa para o senado em 2014. O PT pode até indicar o vice de Larissa e levar algumas secretarias, o que deixará muita gente satisfeita. No entanto, a possibilidade de um projeto alternativo para a região conheceu revés significativo.Talvez, irreversível.
Não há nada de realismo político nisso. Há, isto sim, um pensamento estreito, que preconiza o curto prazo. Uma perspectiva que coloca duas ou três secretarias à frente de uma construção hegemônica de esquerda para a região.
Algo estranho a história do PT. Já pensou se o PT tivesse aceitado um ou dois ministérios, enquanto esteve na oposição no plano federal? Se não tivesse construído, pacientemente, um caminho alternativo para a dominação do PSDB/PMDB/DEM? Dificilmente teria chegado a posição em que se encontra hoje.
Resta em Mossoró uma dúvida e uma certeza. Dúvida: há chances de ocorrer uma vitória eleitoral. Contextual. Possível, mas nada certo. Afinal, eleição se ganha no dia. Faltam 150 dias para a eleição. Com um oceano para passar por debaixo da ponte, pesquisa não diz muita coisa. A liderança de Larissa não é imutável.
Certeza: perdendo ou ganhando a eleição, a conta sairá bem cara, pois a derrota política será estrutural. O PT não andará mais com as próprias pernas na terra dos rosados.
NOTA
A decisão da Direção Executiva Nacional do PT, sobre a aliança em Mossoró, reflete as resoluções do IV Congresso Nacional. Ou seja, cabe ao PT construir as condições de unir a base do governo Dilma para a disputa do nosso projeto nacional na sociedade a partir das eleições municipais, seja com candidatura própria ou apoiando candidaturas de partidos aliados.
Derrotar o DEM e o PSDB é tarefa principal do PT e seus aliados. Em Mossoró, essas condições estão criadas na candidatura do PSB e o PT acerta ao fazer parte desse desafio, principalmente por ser o berço politico no Rio Grande do Norte, e a maior cidade brasileira governada por nosso maior adversário: o DEM.
Agora o que nos compete é unificar o partido, nos integrarmos à campanha, na coordenação e na elaboração de um programa que aplique no município as mesmas linhas e preocupações sociais do governo da Presidenta Dilma, indicar um nome pra compor a chapa majoritária no cargo de vice, apresentar uma chapa proporcional capaz de garantir ao partido o retorno à Câmara Municipal, recuperando as vagas que já ocupamos e, junto com os demais partidos, construirmos a vitória de Larissa à prefeitura de Mossoró.