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Tese do “acordão”: antes como tragédia e agora como farsa

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O ex-prefeito Carlos Eduardo vem conseguindo unir parte significativa da oposição em torno do seu nome para o pleito municipal que se avizinha. Resta apenas o Partido dos Trabalhadores, que não fará cerimônia de se unir a chapa encabeçada pelo PDT em um possível segundo  turno.

Inconformados com a anúncio de Wilma de Faria, que também vai de “Tatá”, governistas municipais e estaduais começam a levantar, mais uma vez, a tosca tese do acordão.

Ora, o que significa, afinal, “acordão”?! Palavra inventada para enquadrar os apoios recebidos por Fátima Bezerra em 2008, o (pseudo) conceito teve a função apenas de lançar uma nuvem de fumaça sobre a atuação das lideranças do RN.

De repente, depois de 2008, aglutinar forças políticas em torno de um projeto se tornou algo negativo passível de ser rechaçado. Micarla, se baseando nesse sofisma, conseguiu vender a ideia de que lutava contra forças antidemocráticas, que tentavam impor o nome de uma candidata a prefeita para Natal.

Nada poderia ter se revelado mais trágico. Micarla de Sousa nem era uma “coitada lutando contra um complô autoritário”, como o enquadramento da ação do grupo oponente na forma de “acordão” fazia acionar. Como também teve sua candidatura muito bem azeitada por setores políticos e empresariais da cidade (as prestações de conta das campanhas mostram que a Verde recebeu e gastou muito mais recursos do que, naquele momento, a candidata do PT).

Ajudada por algumas estratégias trapalhadas de Fátima Bezerra e se aproveitando do desejo de renovação, Micarla de Sousa conseguiu chegar a condição de prefeita de Natal e (não) fazer tudo o que (não) desenvolveu a frente da gestão municipal.

A trágica e enganadora tese do acordão daquele momento agora é mobilizada como uma irreprimível farsa. Novamente, a busca por alianças políticas, algo natural da atividade democrática e da luta para convencer a maioria da sociedade a votar em um projeto, é desvirtuada para enquadrar – negativamente – a junção de forças em torno de uma agenda política. Tentam passar a ideia de que o fortalecimento da candidatura de Carlos Eduardo, algo tido como incerto até pouco tempo atrás por alguns (pseudo) analistas, significa novo acordão.

A diferença é que, nesse novo contexto, a farsa descamba facilmente para o cômico. A mobilização do discurso do “acordão” por parte dos grupos micarlistas e rosadistas não terá o efeito esperado. Pelo contrário. Ativará a memória do cidadão natalense sobre o engano que foi levar essa tese parlapatória em consideração, retirando toda a suposta legitimidade explicativa que a (falsa) noção do “acordão” poderia trazer. Uma piada de profundo mal gosto, além de reflexivamente pueril.

Chamar a aliança de oposição de “os poderosos”, uma variação do “acordão”, conforme fez o líder da prefeita na Câmara Enildo Alves, ao comentar a união entre Wilma de Faria, Robinson Faria e Carlos Eduardo, só depõe contra si próprio. Só mostra a falta de senso e de discurso dos governistas. Pura desorientação.