Carlos Eduardo vive uma semana agitada. Com as contas de 2008 aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado, espera parecer da Câmara Municipal do Natal. Se tiver a prestação desaprovada por dois terços dos vereadores (14 votos dos 21), Tatá, como ficou conhecido, poderá se tornar inelegível e não disputar as eleições de 2012.
Micarla de Sousa tenta vencer Carlos Eduardo no tapetão. Tendo produzido uma das estratégias mais estapafúrdias da história de Natal, a borboleta passou toda a sua administração tentando enquadrar a gestão do seu antecessor e acabou esquecendo de trabalhar. O resultado se encontra hoje bem consolidado. Enquanto a Verde, também no sentido da experiência política, amarga 90% de rejeição popular, o presidente estadual do PDT apresenta margem folgada na liderança em relação aos seus possíveis oponentes para o pleito municipal que se avizinha. Inconformada com a situação, a atual prefeita já tentou de tudo. Até processar juridicamente o ex-prefeito a dita cuja já fez.
A questão não é pessoal, mas pública. A ex-apadrinhada de José Agripino parece não entender que produziu um modo de tocar a prefeitura que os natalenses não o vêem a hora de jogar no baú das nulidades. O período em que o Partido Verde esteve no poder foi marcado por terceirizações onerosas, alugueis desnecessários, sucateamento da saúde, fechamento de escolas, epidemias de dengue e muita!, mas muita incompetência.
Caracterizada pela ineficiência, a atual gestão só foi eficaz quando o assunto era conceder aumentos de passagens de transporte coletivo, perdões de dívidas astronômicas a grandes empresários, como foi o caso dos 70 milhões que a prefeitura quis deixar para lá das universidades privadas e que a justiça considerou ilegal; e a última foi à aceleração do pagamento, quando era possível protelar e tentar revisar o valor para baixo, de um precatório superdimensionado em mais de 20 milhões da Henasa, conforme TCE.
Não logrando êxito em sua jornada, Micarla agora usa sua base aliada na Câmara Municipal de Natal para tentar tornar Carlos Eduardo inelegível. Para isso, orienta seus vereadores e derrubar um parecer técnico de um órgão – me desculpem a redundância, que se faz necessária – técnico como é o Tribunal de Contas do Estado.
A votação estava marcada para hoje. No entanto, preocupado com a repercussão negativa do caso e com a mobilização popular que já era prometida via redes sociais em favor do ex-prefeito, presidente da Câmara e aliado da atual prefeita Edivan Martins adiou o pleito. A ação do presidente pode representar um tiro no pé, já que não é possível desafiar a inteligência do cidadão e achar que ele vai dá de ombros. O #foramicarla criou uma outra cultura política para a cidade, que estabelece a discussão e o debate como elementos centrais.
Não é fácil se acostumar com o aumento do volume democrático. Vide as ações da prefeita Micarla de Sousa, que, ao invés de tentar vencer Carlos Eduardo no voto, apela para uma estratégia tapetão. Uma atitude tipicamente golpista do executivo e de alguns vereadores que não souberam honrar o voto que receberam.
Ave de rapina
Alguns vereadores seguem a estratégia “ave de rapina”. Deixam a armadilha para só desarmar para quem apresentar as melhores “propostas”. Eleições se aproximam e os parlamentares aproveitam situação para pedir “estrutura”.