Por Edmilson Lopes
(Sociólogo e Prof. Dep. Ciências Sociais – UFRN)
A direção nacional do Partido dos Trabalhadores “avocou” para si a definição da participação da agremiação na disputa eleitoral de 2012 em duas cidades: Duque de Caxias (RJ) e Mossoró (RN). O objetivo é o de impor alianças com candidaturas do PSB. Essa opção foi rechaçada pelos filiados da agremiação nos municípios.
Nada sei da realidade político do município fluminense. Da capital do oeste, sei que há, pela primeira vez desde que o PT foi fundado, a possibilidade de enfrentar com alguma chance de sucesso uma disputa eleitoral local. Após intenso debate e uma disputa que, não em poucos momentos, resvalou para a baixaria (estimulada, de fora, pelos que não queriam a candidatura própria petista), a secção mossoroense passou a contar com um nome de peso para disputar a prefeitura: Josivan Barbosa, ex-reitor da UFERSA.
A candidatura Josivan amedronta os “donos da cidade”. Medo de uma alternância real de mandatários na cidade. Uma quebra na tediosa disputa eleitoral entre dois ramos do mesmo grupo familiar. Tudo estaria ótimo, não fora o fato de que o pragmatismo petista está acima do compromisso com a democracia interna. O PSB quer o apoio petista aos seus candidatos nas duas cidades. Quer? Na verdade, exige. E toma tal apoio como uma demonstração de “boa vontade” do PT. A direção nacional do PT, ansiosa para garantir apoios à até agora desnutrida candidatura de Fernando Haddad à prefeitura paulista, decidiu sacrificar os projetos políticos locais do partido nos dois municípios. Os petistas mossoroenses prometem resistência. Vão cair de pé, dizem. Não todos, obviamente. A quinta-coluna interna, tal como a direção nacional, já decidiu mandar às favas as questões de consciência e espera ansiosa pelo momento de subir no palanque do pessebismo.