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Travestis e a vitória na luta pelo reconhecimento

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Imagem: jscreationzs

Enganam-se aqueles que acham que os movimentos sociais são apenas “sopa de letrinhas”. Os movimentos sociais possuem, entre outras características,  a de conseguir mudar a realidade ao seu redor, mesmo que à passos lentos. É o caso dos direitos das(dos)  travestis.

Entre todas as “opções sexuais dissidentes” , que divergem (com razão) da heteronormatividade, o travestismo é o mais “radical”, já que a proposta é uma mudança do sexo “natural” que se nasceu. A ou O travesti pode representar uma quebra do paradigma do masculino/feminino, principalmente após os avanços da medicina, onde cada vez mais pessoas podem recorrer a cirurgias para sentirem-se mais confortáveis com seus próprios corpos, e o sexo com o qual se nasce não aparece mais como uma “jaula que irá definir seu comportamento”.

O debate sobre “as sexualidades” nos coloca algo curioso: a descoberta que as opções sexuais não estão diretamente ou obrigatoriamente ligadas à um penis ou uma vagina. Não é por nascer com um penis que irá se gostar de vaginas e vice-versa. Não só isto, não é por nascer com um penis que os sujeitos serão obrigados a exercer a “masculinidade”. O que se observa é que o masculino e feminino (comportamento) são padrões de conduta historicamente estabelecidos e em muitas sociedades ou momentos históricos aquilo que dizemos ser coisas de homens eram atividades feitas por mulheres. Assim sendo, não existe “uma natureza de quem nasce com penis” como não existe uma “natureza de quem nasce com vagina”. Os comportamentos, sejam eles afetivos, no trabalho etc. estão muito mais ligados ao que a sociedade determina do que ao que a natureza nos impôs.

Mas afinal, tudo isto é apenas uma introdução para demonstrar que as lutas “dos movimentos LGBTT” em todo o mundo começam a demonstrar que a sociedade tem mudado, e muito. Destaco duas notícias que podem nos fazer crer que muitos movimentos sociais conseguem ganhar espaço e dar garantia e reconhecimento à indivíduos que, antes destes movimentos, estavam condenados à viver no submundo.

Neste ano observamos, com orgulho,a primeira travesti a apresentar uma tese de douturado no Brasil. Luma Andrade é cearense e conseguiu forma-se doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC – favor não confundir com o torneio de MMA). Link para a notícia completa aqui. É de se destacar também que a UFRN está prestes a formar sua primeira doutora travesti. Aluna do doutorado de Ciências Sociais da UFRN, Leilane Assunção, é aluna regular do curso e deve formar-se doutora nos próximos meses (Link com entrevista feita pelo Diário de Natal sobre Leilane aqui).

A outra notícia é ainda mais “radical”. Radical no sentido de observar a mudança de pensamento e o reconhecimento ao redor do globo no que se refere à inclusão das travestis no meio social. Na Inglaterra, uma transexual de 18 anos (Jackie Green) é a primeira a chegar à seminfinal do Miss Inglaterra (link para a notícia completa aqui). Isto mesmo, “uma trans” que competiu “de igual para igual” com várias mulheres e está em uma semifinal.

É amigo, começamos a entrar em outra era. Não tá gostando? Se muda pra Marte e pratica o seu preconceito lá, sozinho.