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Políticos patinam quando o assunto é REDES SOCIAIS

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Imagem: shawncampbell

O 01 de Maio ficou marcado por mais um protesto iniciado por grande número de pessoas nas redes sociais insatisfeitas com a gestão Rosalba Ciarlini. Foi impactado também pelo amadorismo apresentado por políticos tradicionais quando o assunto é twitter, facebook, etc.

Sendo severamente questionada pelos norte-riograndenses no Twitter, que se organizaram em torno da hashtag – espécie de palavra chave – #RosalbaVergonhadoRN, que atingiu o topo do assuntos mais comentados do Brasil, a base rosalbista, através dos seus jornalistas, assessores e até cargos comissionados lutaram para rebater as críticas. Porém, desconsideraram o formato das redes sociais: não adianta brigar contra os fatos, nem muito menos desmerecer as manifestações dos twitteiros. Isto só depõe contra o próprio status quo, que ganha um ar manipulatório. Como se subestimassem a inteligência dos internautas. E aí, se antes o cidadão dizia apenas para o vizinho e amigos, agora ele mostra, com fervor digital, para todos os seus seguidores.

Seria mais ou menos como tentar apagar incêndio jogando gasolina. Jornalistas do governo alegaram que o movimento havia ganhado repercussão por causa do feriado, por causa da baixa audiência e não-concorrência com outros assuntos. Irritados com tal leitura dos acontecimentos, que foi tomada como uma provocação, muitos passaram o restante do dia, lutando para tornar, mais uma vez, o assunto #RosalbaVergonhadoRN, o mais comentado do twitter no Brasil. A comunicação acirradora de ânimos só motivou os protestantes.

Nas redes sociais não há espaço para “suavização” do ocorrido, como acontecia nas mídias tradicionais. O contato é direto. O choque também. Uma pessoa comum, sem nenhum jornal ou poderio institucional, pode mobilizar amigos, mostrar as incoerências das falas e, com uma boa dose de sagacidade, subverter o discurso de um governador de estado. Não há a mídia tradicional, muitas vezes venal, para “harmonizar” as críticas, para retirar a ferocidade dos protestos.

Diante de um cenário completamente novo, o político se perde porque acredita que pode se comunicar com os twitteiros na simples forma de “release”. Que basta escrever um texto e mandar para uma mídia tradicional, que estará tudo resolvido. Porém, se não sabe o que e como rebater, melhor se calar e esperar a “chuva passar”.

Pior do que isso só rivalizar, utilizando a conta pessoal. @domicioarruda, secretário de saúde do RN, cometeu uma garfe e fez, mais uma vez, o governo voltar para a lista dos assuntos mais comentados do país, agora com a hashtag #porquehojeéferiado.

A ingenuidade, além disso, reside na crença de que as redes sociais podem ser paradas a partir das redes tradicionais. O jornal Tribuna do Norte, maior do RN, estranhamente escreveu um texto no feriado, momento em que sua redação está normalmente fechada, apenas enfatizando a fala da governadora em que ela se defende e crê na “virada”.

Mas de nada adiantou. O periódico não estancou a sangria e só se expôs. Twitteiros utilizaram o post da @tribunadonorte para mostrar que tipo de jornalismo o meio de comunicação faz. Com isso, a Tribuna do Norte acabou sendo engolida como um “jornal que defende a governadora, mesmo quando ela é justamente criticada”, conforme disse um twitteiro.

É que as redes sociais funcionam através da lógica quase que irracional da multiplicação ad infinitum. Nessa perspectiva, até pessoas despolitizadas, mas que sofrem com problemas de uma gestão ruim, podem ser engolidas pelo furacão do crescimento geométrico de uma manifestação política. Elas podem ver o conteúdo em sua “linhadotempo” e apoiar com um simples “Retwitter”, que unidos a outros “RTs”, ganham rápida explosão e pautam a imprensa e o restante da sociedade.

Mais difícil ainda é perceber a base social das redes e dos seus protestos. A forma das redes sociais facilita manifestações, mas há algo mais profundo e importante que dá fundamento ao Twitter, Facebook, Youtube. Eles não funcionam sozinhos. Há pessoas por trás deles. E no Brasil as redes sociais são as vozes das novas classes educadas, beneficiadas com o alargamento do sistema universitário e ascensão econômica e tecnológica de um conjunto enorme de brasileiros. Da estratificação nacional, que inchou, no bom sentido, o centro médio da pirâmide etária. As novas mídias se beneficiam, fundamentalmente, do novo público médio leitor. E estas pessoas estão aprendendo a desconsiderar veículos tradicionais como detentores exclusivos e legítimos de informação. Tanto é que, quando um assunto aparece na Tv, ele já foi batido e pisado nas redes. Programas jornalísticos viram motivo de chacota.

Em 2012 tem eleição. O 01 de Maio  mostrou também que os candidatos não podem esquecer das redes sociais, pois podem ser os próximos a ser assombrados por elas.

QUEM RI POR ÚLTIMO

Escutei de um político a seguinte frase: “rede social não dá voto”. E eu respondi: “mas vai tirar muito” Ele riu de mim. E eu vou rir dele.