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Uma trilogia do tempo no cinema

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Imagem: reprodução

Até a década de 60 temos a visão clássica da viagem no tempo onde apenas podemos testemunhar os eventos do passado e futuro sem poder alterá-los. Podemos até ser mortos, mas jamais conseguiríamos alterar a seta do tempo. Por exemplo, na cultuada série de TV “O Tunel do Tempo” (The Time Tunnel, 1966-67) isso é marcante: os dois protagonistas (Phillip e Doug) tentam alterar eventos do passado, mas, no último momento, fatos providenciais impedem a mudança da História. Seria a providência divina?

A partir da clássica trilogia “De Volta para o Futuro” (Back to The Future, 1985) temos a definitiva mudança dessa concepção clássica do tempo. Podemos voltar ao passado, alterar os fatos para, simultaneamente, alterar o presente. Mais do que isso, em filmes como “O Efeito Borboleta” (The Butterfly Effect, 2004) ou o “O Exterminador do Futuro” (The Terminator, 1984) o tempo transforma-se em um hipertexto onde cada opção cria um futuro ou um passado alternativo, configurando um complexo tempo/espaço com uma série de universos paralelos que, potencialmente, poderiam se tangenciar ou interagirem-se.

Essa noção pós-moderna de tempo, claramente inspirada nos hipertextos das redes computacionais, coloca como consequência uma acentuada necessidade em refletir sobre a responsabilidade ética ou moral das ações e escolhas: se cada ato ou escolha cria um tempo/espaço alternativo, temos como consequência efeitos exponenciais. Sendo o tempo não mais linear, mas agora recursivo, viral ou exponencial, cada pequena decisão pode produzir efeitos catastróficos em sucessivos tempo/espaço paralelos. 

(1) “O Feitiço do Tempo”

Imagem: reproduçãoO Homem como prisioneiro do tempo

O Homem como prisioneiro do tempo

À primeira vista “Feitiço do Tempo” é apenas uma comédia romântica com várias exibições nas chamadas sessões da tarde na TV brasileira. Aos poucos foi tornando-se um filme cultuado, principalmente pela originalidade do roteiro de Danny Rubin, um dos roteiristas mais conceituados dos últimos 20 anos: ganhou numerosos prêmios e, em 2004, Rubin participou de um remake italiano de “Feitiço do Tempo”: “È Già Ieri”(“Stork Day”, o título em inglês).

(2) Déjà Vu
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Desde os ataques de 11 de setembro o tema terrorismo é recorrente no cinema norte-americano.  Quem assistiu ao filme “Obrigado por Fumar”, (Thank You For Smoking, 2005, sobre as conexões entre o lobby da indústria tabagista e a mídia) sabe muito bem como a indústria cinematográfica norte-americana é um instrumento para pautar a opinião pública. Dessa maneira, a chamada “guerra ao terror” empreendida pelos dois mandatos do governo Bush Jr. teve Hollywood como importante veículo para essa verdadeira engenharia da opinião pública.

“Déjà Vu” (Déjà Vu, 2006) é mais um filme sobre ameaças terroristas só que, dessa vez, com um toque de ficção científica e um leve tom de misticismo (dado pelo tema do “déjà vu”). Mas, como todos os filmes sobre combate ao terror, é principalmente ação e a “amoralidade heroica” do protagonista (como vimos em postagem anterior, o principal traço do herói moderno – veja links abaixo).

Como ficção científica, “Déjà Vu” conta a estória de um projeto secreto do FBI em torno de uma tecnologia que permite acompanhar através de imagens e audio com detalhes o que aconteceu até quatro dias antes de um evento. O agente Doug Carlin (Denzel Washington) é chamado para descobrir o responsável por um atentado à bomba em um ferry-boat em New Orleans que mata 500 pessoas. A perspicácia de Carlin na investigação impressiona seus colegas do FBI que o convidam a participar do projeto secreto que poderá auxiliar na busca do terrorista responsável. 

(3) “Contra o Tempo”

 

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Colter Stevens (jake Gyllenhaal) repentinamente acorda em um trem em movimento, confuso sobre quem ele é como veio parar ali. Uma atraente mulher, Cristina (Michelle Monaghan), inicia uma conversa com ele, chamando-o de Sean.  Ele nega categoricamente conhecê-la, mas quando olha pela janela vê a si mesmo em um pálido reflexo no vidro como um homem estranho. 

Assustado, corre para o banheiro do trem e, para o seu horror, vê no espelho o reflexo de outro homem. Pouco tempo depois, o trem explode e Colter acorda preso em uma escura e fria cápsula em alguma base militar altamente secreta.

Colter está freneticamente confuso até a imagem de Collen Goodwin (Vera Famiga) aparecer em um monitor no interior dessa capsula e iniciar uma série de exercícios de memória para que ele lembre-se da sua identidade e localização. Colter (um capitão do exército cujas últimas lembranças eram a de estar em uma missão no Afeganistão) aos poucos vai descobrindo que ele faz parte de um projeto científico revolucionário chamado “Código Fonte”.

O projeto baseia-se no fenômeno da sobrevivência dos oito minutos finais da memória após a morte cerebral. O Dr. Rutledge (Jeffrey Wright), mentor do experimento, captura os oito minutos finais da memória de Sean Fentress e, através do programa computacional “Código Fonte” consegue com que Colter seja inserido nesses minutos finais repetidas vezes, através da identidade de Sean Fentress.

 

Postagens relacionadas:

Uma trilogia do tempo (1) – Filme “Feitiço do Tempo”
Uma trilogia do tempo (2) – Filme “Déjà Vu”
Uma trilogia do tempo (3) – Filme “Contra o tempo”

Imagem de destaque: szerbijn